Em 20 anos, a marca foi atingida apenas uma vez, no ciclo 2019/2020. O provável incremento de 20% na colheita será resultado direto do avanço da mesma ordem (19%) na produtividade: 1,84 mil quilos de pluma por hectare, contra 1,54 mil quilos do ciclo anterior.
Clima ajudou o algodão
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, a boa distribuição das chuvas ao longo da safra explica o aumento da produtividade.
Cerca de 92% das lavouras brasileiras dependem exclusivamente de água da chuva para se desenvolver e a tecnologia da irrigação está presente nos demais 8%.
“O produtor usa todas as tecnologias disponíveis para mitigar riscos climáticos, mas, ainda assim, precisamos de chuva na quantidade e no momento certo, para garantir as boas produtividades e produção. Até o momento, apenas 4% das lavouras brasileiras foram colhidas”.
Mercado interno
Do total de algodão produzido no país, cerca de 650 mil toneladas devem abastecer a indústria nacional.
Tradicionalmente, esse número era em torno de 100 mil toneladas superior ao esperado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que credita a queda aos reflexos da recessão mundial pós-pandemia.
Segundo o presidente da entidade, Fernando Pimentel, até o momento, o ano de 2023 não foi positivo.
“Tivemos queda na produção da indústria e no varejo, aumento nas importações (de produtos de vestuário), e o dado positivo é que, ainda assim, conseguimos gerar cerca de 5 mil novos postos de trabalho no primeiro semestre”, diz Pimentel.
Para o segundo semestre, a expectativa é melhor. “Precisamos encontrar condições para o Brasil voltar a crescer, atacando firmemente o custo Brasil, a insegurança jurídica, e fazer desse país um bom ambiente para investimentos. Vamos olhar para 2024, na expectativa da consolidação do arcabouço fiscal e do avanço da reforma tributária”, argumenta.
Para 2024, Pimentel afirma que a expectativa é de recuperar as perdas do ano passado e, se possível, ter um consumo aproximado de 680 mil toneladas. “Temos potencial para muito mais”, finaliza o porta-voz da Abit.
Exportações de algodão
Com o mercado interno abastecido, o desafio dos produtores é exportar o excedente de uma safra de grandes proporções, repetindo o sucesso de 2019.
A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) acredita que as exportações, na safra 2022/2023, devem fechar em torno de 1,4 milhão de toneladas. Os principais mercados para o algodão brasileiro permanecem na mesma ordem:
China
Vietnã
Paquistão
Bangladesh
Indonésia
Turquia
Demanda mundial
Segundo o presidente da Anea, Miguel Faus, a demanda mundial segue fraca. Os estoques intermediários estão elevados, mas a China começa a voltar às compras.
A inflação começa a demonstrar os primeiros sinais de queda nos Estados Unidos, mas, na Europa, ainda está elevada. “O basis do algodão brasileiro segue pressionado para baixo, com a safra cheia no Brasil e na Austrália, disse Faus, lembrando, ainda, o terremoto na Turquia, no início do ano, que atingiu em cheio a indústria turca.
“Os preços da commodity estão variando em torno de 80 centavos de dólar por libra-peso, há seis meses, com tendência de queda”, acrescentou. Fonte: Canal Rural