veterinárias impulsionam pecuária no Rio Grande do Sul

A atuação de um médico-veterinário pode ir além do cuidado com animais, bem-estar, vacinação ou tratamento de doenças. Um profissional da área pode estar também à frente de temas que impulsionam o agronegócio, como o desenvolvimento da genética de raças e toda a esfera que envolve o assunto, desde a colaboração no aprimoramento de animais de linhagens superiores até a promoção desses animais em feiras, eventos e para diversos mercados e segmentos da pecuária.

No Rio Grande do Sul, estado referência em pecuária de corte, leite e ovinocultura, a atuação de médicos veterinários tem feito a diferença. Conforme o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS), os profissionais têm campo amplo e papel fundamental em alguns segmentos do agronegócio.

Mais mulheres na profissão

Na última década, o número de profissionais do sexo feminino formadas em Medicina Veterinária no estado foi o dobro do sexo masculino: 7.490 mulheres contra 3.381 homens. Conforme a conselheira do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Lilian Müller, a presença da mulher no agronegócio está cada vez maior. A própria sucessão rural tem levado à necessidade da mulher se inserir no trabalho pecuário, tanto na gestão quanto na rotina com os animais.

“A mulher recebeu essa abertura dentro da família. O mercado acolheu por precisar muito da atuação e ela provou que é muito capaz. Mesmo mulheres sem vínculo familiar com o meio rural estão trabalhando nas atividades agropecuárias. E no campo de genética e desenvolvimento de raças não é diferente. A atuação do profissional de veterinária vem fazendo a diferença desde nutrição, reprodução, sanidade, bem-estar, uso de tecnologias para buscar eficiência e mais produtividade. Não é só quantidade, mas também qualidade que é zelada pelos profissionais para entregar isso ao consumidor”, destaca.

Ana Doralina Menezes

Profissão: pecuária brasileira

Ana Doralina Menezes é médica-veterinária formada pelo Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp) e atualmente preside a Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável. Atuou por mais de duas décadas junto à Associação Brasileira de Angus e também como criadora, representando a quinta geração de uma família de pecuaristas na região da Campanha gaúcha.

Magali Moura é formada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e hoje é superintendente de Registro Genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), em Bagé (RS). Vinda de família urbana, atua de forma estratégica na ovinocultura brasileira, coordenando eventos, registros genealógicos e ações de incentivo ao crescimento do setor.

Desiree Hastenpflug Möller se formou pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e atualmente é presidente da Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu), vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB) e vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac). Também vinda de família urbana, tornou-se referência na criação de búfalos em Viamão (RS).

Débora Dienstmann vai se formar em Medicina Veterinária no fim do ano pela Universidade de Caxias do Sul. Filha de produtores de leite, cresceu acompanhando a rotina da família, que enfrentou três enchentes em Estrela, no Vale do Taquari, mantendo desde cedo contato com a pecuária leiteira.

A história dessas quatro profissionais pode não ter se cruzado, mas elas têm em comum o amor pela Medicina Veterinária e pela pecuária, que guiam suas vidas e carreiras. A prática da atividade, que inclui inseminação, partos e manejo, também se estende para diálogo, negociação e debate, com o objetivo de mostrar o que a pecuária faz de melhor — desde animais campeões em genética até alimento de qualidade para os consumidores.

Débora Dienstmann

Da infância à referência

A vocação pela Medicina Veterinária veio da infância das quatro profissionais. Ana destaca que sempre teve certeza da profissão. Interessada na área de produção e manejo mais do que na clínica, fez estágios na universidade que abriram horizontes, como na unidade da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), conhecendo tecnologias que deram suporte à profissão.

“Acredito que consegui desenhar minha jornada profissional em cima do que para mim faz sentido. Falar de produção e estar ligada ao campo faz parte do meu íntimo. Hoje atuo muito na representatividade, falando da pecuária brasileira para o mundo”, relata.

Para Ana, a Medicina Veterinária vem alinhada com a atividade porque ajuda a entender desafios e demandas, fornecendo suporte para difundir a carne brasileira pelo mundo.

“A profissão está diretamente ligada a tudo que já fazemos e faremos para impulsionar as raças. O veterinário traz visão ampla sobre desempenho, adaptação, características, dados, números, indústria, padronização de produtor, qualidade, diferenciais e posicionamento disso para o mercado. Ajuda a comunicar esse trabalho e o que diferencia o produto brasileiro, que alia alta produtividade e sustentabilidade. A profissão transita nesses elos”, completa.

Desiree Hastenpflug Möller

Histórias de paixão e dedicação

Na trajetória de Magali, a paixão por animais surgiu ainda na infância. Depois de formada, morou fora do país e retornou com duas filhas pequenas, decidida a voltar ao mercado de trabalho.

“Comecei trabalhando com registro genealógico de bovinos de corte e em 2014 vim para a Arco”, conta.

Ela enfrentou desafios e aprendeu sobre a ovinocultura brasileira, conhecendo raças, potencialidades, lã, carne e leite. Hoje coordena o registro genealógico de 32 raças em todo o Brasil, trabalhando com mais de 100 técnicos e estudando linhagens familiares e comprovação da pureza racial.

Desiree, nascida na capital gaúcha, desde pequena queria ser veterinária. Após se formar, foi morar em um sítio na região metropolitana de Porto Alegre, atuando como única veterinária da região com clínica e cirurgia. Em 2014, herdou um rebanho bovino, depois substituído por búfalos, onde descobriu sua verdadeira vocação: a produção de alimentos com genética e bem-estar animal.

Magali Moura

Já Débora segue os primeiros passos da profissão. Filha de produtores de leite, acompanhou de perto as dificuldades das enchentes e da perda da propriedade familiar, mas manteve firme a escolha pela Medicina Veterinária. Durante os estágios, descobriu interesse por reprodução de bovinos e qualidade de leite, mantendo contato direto com os animais.

“Acredito que, independentemente da área em que atuarei, serei uma ótima profissional, porque tenho orgulho dessa profissão”, conclui emocionada.

Fonte: Canal Rural