O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou na noite desta segunda-feira, 29, o primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) no estado do Rio Grande do Sul (RS), na ave silvestre da espécie Cygnus melancoryphus (nome popular cisne-de-pescoço-preto), encontrada na Estação Ecológica do Taim, sul do Estado. O local já foi interditado para visitação.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS (Seapi) informou que equipes de vigilância da Secretaria atuam na região. Até o momento foram visitadas 74 propriedades rurais, localizadas no raio de 10 km do local, para investigação clínica e epidemiológica, além de orientações à população da área e sensibilização para a notificação de suspeitas em aves domésticas. Nenhum caso suspeito em aves domésticas foi detectado. Essas ações visam limitar a ocorrência e evitar a disseminação da doença para outras áreas.
a Seapi-RS informou ainda que está cumprindo todos os protocolos sanitários vigentes. “Isso compreende uma averiguação em toda a área de vigilância onde os focos foram localizados, para monitorar e encontrar novas aves que possam estar contaminadas, bem como vigilância e atendimento a notificações de suspeitas nas demais regiões do estado. Também reforçamos o alerta ao setor produtivo avícola do estado para que sejam reforçadas todas as medidas de biosseguridade das granjas”, afirmou a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Rosane Collares.
Ocorrências
O Mapa confirmou outros dois casos em aves silvestres neste início de semana: um na Ilha do Governador, na capital do Rio de Janeiro, e um no município de Piúma no Espírito Santo. Assim, sobe para 13 o número de confirmações em aves silvestres no Brasil, sendo nove no estado do Espírito Santo, três casos no estado do Rio de Janeiro e um no sul do Rio Grande do Sul.
A doença já foi identificada ao todo em seis espécies: Thalasseus acuflavidus (trinta-réis de bando), Sula leucogaster (atobá-pardo), Thalasseus maximus (trinta-réis-real), Sterna hirundo (Trinta-réis-boreal), Megascops choliba (corujinha-do-mato) e Cygnus melancoryphus (cisne-de-pescoço-preto).
Ainda segundo o Mapa, a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e nem de ovos. As infecções humanas pelo vírus da Influenza Aviária podem ser adquiridas, principalmente, por meio do contato direto com aves infectadas, sejam vivas ou mortas.
O Ministério informou, também, que “é comum e esperado o aumento de notificações sobre mortalidades de aves silvestres em diferentes pontos do litoral do Brasil”, mas que segue em alerta orienta a população para que evite contato com aves doentes ou mortas e acione o serviço veterinário local ou realize a notificação por meio do e-Sisbravet.
Internacional
A epidemia de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) foi discutida na 90ª Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) realizada em Paris, na França, no final deste mês.
O Brasil abordou sobre as normas internacionais para facilitar o comércio internacional seguro e destacou as dificuldades atuais para o reconhecimento de zonas e compartimentos pelos parceiros comerciais, e a preocupação com as barreiras sanitárias injustificadas impostas em negociações bilaterais, independentemente das diretrizes da OMSA, as quais podem ser agravadas com a implementação da estratégia da vacinação contra influenza aviária.
“Até o momento, o Brasil não conseguiu revisar os requisitos dos países relacionados à certificação de país livre ou a sua aceitação mediante vacinação. O país tem adotado a postura de ser contra a vacinação ainda, pois ao iniciar a imunização podemos não ter mais o status reconhecido e ter o mercado fechado pela adoção dessa medida”, disse o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart.
Líder mundial na exportação de carne de aves e importante exportador de material genético avícola, o Brasil é contrário, a princípio, à adoção de vacinação das aves como medida preventiva de controle.