Moradora de Caseara/TO, município inserido na APA Ilha do Bananal/Cantão, técnica em agropecuária, estudante do Curso de Auxiliar de Medicina Veterinária e participante do Curso de Formação de Jovens em Comunicação e Justiça Climática. Com esse currículo e com conhecimento na língua espanhola, Caylane Gleize de Souza, de 18 anos, representou o Tocantins no Encontro Trinacional “Nosso território é nossa casa”, organizado pelo Coletivo de Mulheres do Grande Chaco Sudamericano, no Paraguai, nesta última semana.
Para a jovem, o momento foi importante para o fortalecimento das mulheres, que mesmo em territórios distintos, enfrentam problemas semelhantes relacionados às mudanças climáticas. “O evento permitiu nos conectarmos, trocar experiências de vida e refletirmos como os territórios se posicionam frente a esses problemas. Fora uma experiência inesquecível e marcante, espero visitar novamente este lindo país. ¡Muchas gracias!”, comentou Caylane.
De acordo com ela, a participação no curso promovido pela Coalizão Vozes do Tocantins foi determinante para o seu desempenho no evento. “Sem sombra de dúvidas, participar do curso foi o que me preparou para o evento, ainda que o nervosismo seja normal, as práticas de apresentações foram fundamentais para construir os pilares de uma boa representação”, relatou.
A estudante foi indicada pela Associação Onça D’água a participar do Curso de Formação da Coalizão Vozes do Tocantins, que ocorre desde março de 2023 e chegará ao fim no mês de agosto, e graças a esse contato, a jovem teve a oportunidade de participar do evento com o apoio da Fundación Avina e da Vac Brasil – Vozes Pela Ação Climática Justa.
“A participação das coalizões do Programa VAC Brasil foi super importante para promover vínculos entre as participantes e criar possibilidade de articulações futuras com outras organizações aliadas dos demais países que atuamos, numa perspectiva do trabalho em colaboração em nível de América Latina e Sul Global”, explicou Rogenir Costa, da Fundación Avina.
O apoio da Fundación pretende ainda levar jovens lideranças como a Caylane para eventos de amplitude internacional, como a COP30. “Acreditamos que esse encontro será fundamental para ampliar a incidência e os resultados de impacto, sobretudo nos territórios, mas também em outros espaços que queremos incidir e co-construir para maior participação social, como a COP30, a fim de se garantir proteção aos biomas e melhores condições de bem-viver a essas pessoas e comunidades ainda mais vulnerabilizadas pelo contexto das mudanças climáticas”, complementou Natália Maia, também da Fundación Avina.
APA Ilha do Bananal/Cantão
A Área de Proteção Ambiental Ilha do Bananal/Cantão compreende a maior ilha pluvial do mundo. Apesar da riqueza em paisagens e biodiversidade, é um dos territórios ameaçados pelo desmatamento no Tocantins. De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, estudo do SAD Cerrado revela que no Tocantins houve um aumento de 52,7% de desmatamento em maio de 2023, em relação ao ano anterior, totalizando 32,4 mil hectares desmatados.
Em relação às regiões, segundo relatório do Ministério Público Estadual – MPE/TO, divulgado em 2022, destaca-se a APA Ilha do Bananal/Cantão como uma das três regiões com maior foco de desmatamento no estado, sendo as outras duas a região do bico do papagaio e pontos específicos da região sudeste, como São Valério, Natividade e Paranã.