Gripe aviária pode levar a prejuízos de quase R$ 12 bilhões no agronegócio caso atinja larga escala industrial

A disseminação nacional da influenza aviária em escala industrial, teria um impacto negativo anual para a economia brasileira de R$ 21,7 bilhões. A informação é de um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Agro), encomendando pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical). De acordo com a pesquisa, lançada nesta terça-feira (11) somente o agronegócio teria um prejuízo de R$ 11,8 bilhões, o setor perderia 26 mil postos de trabalho.

 

Os valores consideram perda total em produção, exportação, renda, salários, além da queda de R$ 1,3 bilhão na arrecadação de impostos, e da redução de R$ 3,8 bilhões na renda do brasileiro.

 

De acordo com o levantamento, para cada perda de R$ 100 no valor das exportações de carnes aviárias, o setor de comércio perderia R$ 11, ou seja, o impacto indireto negativo para varejistas e atacadistas chegaria a 11% do total em perdas para a cadeia aviária. Nessa linha, haveria também a redução de 8% na produção de rações animais, 6% no setor elétrico, 4% no transporte terrestre de cargas, dentre outros segmentos.

 

“Essa relação de prejuízos para cada setor da economia é uma situação hipotética levantada pelo estudo e nos mostra a dimensão do problema, caso a defesa agropecuária não agisse rapidamente. O Brasil tem capacidade para agir diante de um eventual surto. Estamos trabalhando em conjunto com o Mapa e os auditores agropecuários estaduais para evitar tais efeitos”, afirma Janus Pablo Macedo, presidente do Anffa Sindical.

 

De acordo com o painel sobre gripe aviária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), até esta segunda-feira, 10, cerca de 1,4 mil casos foram investigados, sendo que em 319 houve a necessidade de coleta de amostras para testes laboratoriais. Dessas amostras, 62 apresentaram resultado positivo para vírus da influenza aviária de alta patogenicidade. Outros 6 casos estão em análise.

 

A pesquisa

 

Talita Priscila Pinto, doutora em Economia Aplicada e pesquisadora da FGV Agro, esclarece que o estudo foi solicitado há alguns anos, antes da entrada da gripe aviária no páis em 2023. E mais, o pedido da Anffa foi fomentado por um outro motivo: compreender os prejuízos ao setor no caso de paralisação dos auditores fiscais agropecuários.

 

“Conversamos com a Anffa e eles pediram para gente tentar medir esse impacto sobre o que teria acontecido se a atividade tivesse parado ao longo da pandemia. Adicionalemnte, eles pediram pra gente avaliar cenários alternativos, como o caso de um surto disseminado e descontrolado de influenza aviária no Brasil”, diz Talita.

 

Com os dados gerados pelo estudo, o sindicato dos auditores fiscais agropecuários também visa reforçar a importância de mais concursos públicos para o trabalho de inspeção. Isso porque, em meio a uma das maiores crises de influenza aviária no País, faltam auditores desde o campo até portos e aeroportos. São 2,4 mil servidores ativos e para o Anffa seriam necessários mais 2 mil auditores para todas as atividades.

 

O estudo avaliou a quantidade de focos de influenza aviária registrada em países vizinhos ao Brasil. A partir disso, os pesquisadores definiram os estágios de risco do vírus H5N1, sendo o mais grave compreendido pelo intervalo do dia de entrada do vírus ao país até a data de confirmação do primeiro caso. “É nesse período que estamos completamente expostos e dependemos da eficiência da vigilância agropecuária”, afirmou a pesquisadora.

 

O outro estágio e alto risco do H5N1, segundo a pesquisadora, se inicia no momento em que o vírus é descoberto até o dia em que ele é contido no território nacional. Nesse aspecto, é possível dizer qual o período em que as atividades produtivas relacionadas a cada setor da economia precisam ser paralisadas, além de quais decisões precisam ser tomadas para conter os avanços da doença.

Fonte: Tocantins Rural