Pesquisadores da Embrapa no DF desenvolveram cinco cultivares de pitaya mais resistentes a doenças e de sabor adocicado. São as primeiras cultivares de pitaya registradas no Ministério da Agricultura. Resistência a doenças as tornam adequadas ao cultivo orgânico. Materiais são aptos a diferentes regiões do Brasil. Cultivares podem ser plantadas em todas as regiões do País, do Rio Grande do Sul até Roraima. A Embrapa Cerrados (DF) desenvolveu cinco cultivares de pitaya geneticamente superiores: BRS Lua do Cerrado; BRS Luz do Cerrado; BRS Granada do Cerrado; BRS Minipitaya do Cerrado e BRS Âmbar do Cerrado. Essas são as primeiras cultivares de pitayas registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e chegam ao mercado para uniformizar e organizar a produção desse fruto que a cada dia conquista produtores e consumidores pelo País. Os novos materiais serão lançados na quarta-feira (24), dentro da programação de 2023 da AgroBrasília. Resistentes a doenças, as novas cultivares apresentaram bom desempenho nos pomares, mesmo sem a aplicação de químicos. Essa característica as torna aptas para o cultivo orgânico, além de gerar menor impacto ambiental e financeiro na produção. Os frutos são bem doces, de polpa firme e as plantas apresentam manejo simples, boa produtividade e baixo custo de produção. Histórico da pesquisa Os lançamentos são resultado de um trabalho que se iniciou na década de 1990, a partir da seleção de espécies com maior potencial comercial e, também, de cruzamentos realizados entre e dentro de diferentes espécies. No início dos trabalhos, a Embrapa Cerrados chegou a formar um banco de germoplasma (coleção de diferentes acessos da espécie) com 400 genótipos diferentes. “A maior parte dos materiais foi coletada no Cerrado e, outros, doados por colecionadores de cactáceas”, conta o pesquisador da Embrapa Nilton Junqueira, pioneiro nas pesquisas com pitaya no Brasil. O banco de germoplasma continha diferentes espécies de pitayas de centenas de clones de plantas matrizes que foram caracterizadas e selecionadas. O objetivo das pesquisas foi selecionar espécies com maior potencial comercial e, dentro delas, as plantas com maior produtividade, maior resistência a doenças, e melhor qualidade física e química dos frutos. “Também foram selecionadas plantas autocompatíveis e autoférteis, ou seja, que produziam frutos sem a necessidade da polinização manual”, explica Junqueira. A fruta do dragão Também conhecida como fruta-do-dragão, por causa de sua aparência escamosa, as pitayas têm origem na América tropical e subtropical, incluindo o Brasil. O País possui uma espécie nativa, a Selenicereus setaceus, conhecida como Saborosa, de sabor aprimorado, uma vez que combina doçura com acidez. Além dessa espécie nativa, temos a Selenicereus costaricensis, que possui a casca vermelha e a polpa roxa. Essa e a Selenicereus undatus, pitaya de casca vermelha e polpa branca, são as que possuem maior expressão comercial. Há, no entanto, uma diversidade grande de outras espécies, como a Selenicereus megalanthus, que é a pitaya de casca amarela e polpa branca, bem mais doce do que as demais. O cultivo da pitaya é recente aqui e no mundo, mas está em franca expansão. Comercialmente, começou a ser plantada no País nos últimos 20 anos. Atualmente, o Brasil está entre os dez maiores produtores; no topo da produção estão o Vietnã e a China. Além de ser uma fruta bonita e vistosa, a pitaya também é funcional, por possuir características benéficas para a saúde. Ela é rica em fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. O fruto pode ser consumido in natura e em diversas receitas. A casca também pode ser consumida e utilizada para extração de corantes e outros produtos agroindustriais. A planta produz uma flor grande e bonita, que abre à noite e que possui potencial ornamental. Foto: Alexandre Veloso Sem necessidade de polinização cruzada O pesquisador Fábio Faleiro, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, enfatiza que a autocompatibilidade, ou seja, a capacidade de a planta produzir frutos sem a necessidade da polinização cruzada, foi um ponto importante da pesquisa. “Todas as cinco cultivares que estão sendo lançadas possuem essa característica. Isso representa um aspecto muito positivo no manejo da cultura. É ganho de tempo e de qualidade de vida para os produtores, que não precisam mais acordar de madrugada para fazer a polinização manual”, ressalta. As linhas de pesquisa com pitaya seguiram durante esses últimos anos em duas frentes. A primeira relacionada ao desenvolvimento de variedades geneticamente superiores, ou seja, mais produtivas, mais resistentes a pragas e doenças, teor de açúcar que atenda ao gosto do consumidor, além da autocompatibilidade. Já a segunda frente desenvolveu o sistema de produção, cujos resultados geraram um conjunto de recomendações relacionadas a produção de mudas, plantio, podas de formação e produção, sistemas de tutoramento das plantas, adubações de plantio e de cobertura, além da irrigação, colheita e processamento dos frutos. Curso on-line A Embrapa oferece o minicurso “Pitaya: melhoramento genético e sistemas de produção” de forma on-line, gratuita e com certificação da Empresa. Para realizar o curso basta acessar a Plataforma e-Campo da Embrapa. Validação de norte a sul do País As cultivares desenvolvidas pela Embrapa foram validadas em todas as regiões do Brasil, com base numa rede de parceria público-privada. De acordo com Faleiro, os trabalhos são muito importantes para confirmar o potencial agronômico dessas cultivares em variados tipos de solo, de clima, e em sistemas de produção convencionais e orgânicos. “Nesse trabalho, são montadas unidades demonstrativas e de referência tecnológica em condições comerciais diversas. E os produtores e parceiros avaliam o desempenho agronômico das cultivares nas suas regiões”, explica. Uma das empresas parceiras a testar os materiais foi o Recanto das Pitayas, de Turvo (SC). A validação no local começou em 2015. “Os resultados obtidos foram bastante promissores e atenderam à principal dificuldade que os agricultores vinham sentindo no cultivo, que é a questão da polinização manual”, destaca a engenheira agrônoma da propriedade, Cristine de Abreu. “Essas cultivares possuem frutas mais lisas, com escama mais rala. São muito boas para se lidar. Além de serem 100% autoférteis. Elas vieram mesmo para ficar”, afirma o produtor Volnei Feltrin. Já o produtor Valmirei Feltrin destaca a resistência das variedades a doenças. “Nossas plantas estão sadias. Mesmo não tendo sido aplicada pulverização, não deu nenhuma doença. Esses materiais são excelentes opções para plantio orgânico”, indica. Ele e o irmão Volnei estão à frente do Recanto das Pitayas. A experiência positiva com as novas cultivares tem se repetido de sul a norte do País. “As variedades da Embrapa têm se adaptado bem à nossa região e estão se tornando mais uma opção para os fruticultores do Vale do São Francisco”, destaca Éder Inácio, engenheiro-agrônomo e fruticultor em Petrolina (PE). O extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) Geraldo Magela concorda. “A pitaya é uma alternativa para aumentar a renda da propriedade rural. As cultivares desenvolvidas pela Embrapa são mais produtivas e de sabor diferenciado; além disso, não necessitam de polinização manual, o que é uma característica muito buscada pelos produtores”, salienta. Foto: Alexandre Veloso Testes na Região Norte As novas cultivares também estão sendo validadas na fazenda Toca da Pitaya, em Manaus (AM). A Embrapa está avaliando no local a capacidade produtiva, manejo nutricional e fitossanitário e a determinação de coeficientes técnicos dos novos materiais. De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) Marcos Garcia a pitaya tem a vantagem de ser uma planta rústica e muito bem adaptada ao Amazonas. Outro ponto favorável da cultura, segundo o especialista, é que o cultivo da pitaya é uma atividade que não exige grandes áreas. “O cultivo da pitaya pode contribuir com a sustentabilidade no Amazonas, por ser uma planta semiperene e ter um tempo de vida longo. Isso permite que se plante em sistema adensado e em pequenas propriedades de agricultores familiares”, explica Garcia. Ele conta que na fazenda Toca da Pitaya são cultivadas, aproximadamente, 7 mil plantas por hectare, ou seja, com o adensamento se tem maior produtividade em menor área. A propriedade possui mais de 120 mil pés de pitaya em cerca de 25 hectares. De acordo com Faleiro, as experiências de sucesso desses produtores permitem a recomendação das cultivares para outros produtores dessas regiões, o que representa maior segurança no investimento nos pomares. “Com base nos trabalhos de validação, podemos dizer que é possível o cultivo das pitayas do Rio Grande do Sul até Roraima, sempre utilizando as cultivares recomendadas e o adequado sistema de manejo do pomar”, ressalta. Como reproduzir e onde encontrar A pitaya pode ser propagada por semente e por mudas (cladódios ou estacas). O método por estaca é o mais usado comercialmente porque ele permite produção mais rápida e mantém integralmente as características genéticas das plantas matrizes. Cladódios e mudas das novas cultivares geneticamente superiores serão produzidos por viveiristas e produtores de material propagativo de pitaya parceiros da Embrapa. A oferta pública foi feita por meio do Comunicado de Oferta nº 07/2023, de 26 de abril de 2023. Inicialmente, foram oferecidos dez lotes compostos por 20 cladódios, sendo quatro de cada uma das cinco cultivares oriundas de plantas básicas implantadas na Embrapa Cerrados. Os produtores e viveiristas cadastrados no Renasem podem se tornar parceiros da Embrapa participando e atendendo às exigências do Edital de Oferta. Os produtores rurais interessados em produzir as cultivares de pitayas lançadas pela Embrapa podem adquirir cladódios ou mudas enraizadas dos produtores e viveiristas parceiros da Embrapa que produzem o material propagativo com garantia de origem genética. O contato desses produtores pode ser obtido na Página de Cultivares da Embrapa. Foto: Alexandre Veloso Vídeo tecnológico mostra as cinco cultivares desenvolvidas pela Embrapa Conheça as cinco cultivares de pitaya da Embrapa BRS Lua do Cerrado (BRS LC) RNC 50893 (foto à esquerda) Cultivar de pitaya da espécie S. undatus, com frutos redondos, casca vermelha de polpa branca e autocompatível. Apresenta frutos grandes, com média de 600 g e sólidos solúveis de 14 a 17 °Bx A produtividade média anual pode ser superior a 35 kg de frutos por planta. BRS Luz do Cerrado (BRS LZC) RNC 50883 Cultivar de pitaya da espécie S. undatus, com frutos alongados, casca vermelha de polpa branca e autocompatível. Apresenta frutos grandes, com média de 600 g e sólidos solúveis de 14 a 17 °Bx. A produtividade média anual pode ser superior a 35 kg de frutos por planta. BRS Minipitaya do Cerrado (BRS MPC) RNC 50882 Cultivar de mini pitaya da espécie S. setaceus, com frutos vermelhos com espinhos e polpa branca para uso na fruticultura ornamental e para o mercado de frutas especiais, considerando o sabor diferenciado da sua polpa. Uma perfeita combinação entre o teor de sólidos solúveis totais e a acidez confere à polpa do fruto dessa cultivar um sabor aprimorado. Apresenta autocompatibilidade e frutos pequenos com média de 80 g e sólidos solúveis de 15 a 19 °Bx. A produtividade média anual pode ser superior a 10 kg de frutos por planta. BRS Granada do Cerrado (BRS GC) RNC 50894 Cultivar híbrida de casca vermelha e polpa roxa (S. undatus X S. costaricensis). Devido à heterose, apresenta alto vigor e alta produtividade que pode ser superior a 42 kg de frutos por planta. Os frutos são de tamanho médio, massa de aproximadamente 250 g e muito uniformes. BRS Âmbar do Cerrado (BRS AC) RNC 50881 Cultivar de pitaya de casca amarela, S. megalanthus, para o mercado de frutas especiais de alto valor agregado. Essa cultivar é autocompatível e pode atingir uma produtividade anual de mais de 20 kg de frutos por planta. Os frutos apresentam massa média de 150 g e são muito doces (acima de 20 º Brix). Uma importante característica dessa cultivar nas condições do Cerrado do Planalto Central é a produção durante todo o ano, incluindo a entressafra das demais cultivares de pitayas desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético realizado na Embrapa Cerrados. Fotos: Alexandre Veloso Melhoramento genético das pitayas Para mais informações sobre as cultivares, sistema de produção, mercado e processamento da pitaya, acesse gratuitamente o livro “Pitaya: uma alternativa frutífera” (https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/232364/1/livropitaya-versaofinalweb.pdf) editorado pela Embrapa em parceria com a Empaer e a Universidade Federal de Lavras. Para saber mais informações sobre o histórico das pesquisas com pitayas na Embrapa Cerrados, acesse gratuitamente a publicação “Pitayas: atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação na Embrapa Cerrados” (https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/230728/1/Doc-374-Fabio-Faleiro.pdf) Foto: Alexandre Veloso (fruto da pitaya Granada)
Foto: Alexandre Veloso
São as primeiras cultivares de pitayas registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e chegam ao mercado para uniformizar e organizar a produção desse fruto
A Embrapa Cerrados (DF) desenvolveu cinco cultivares de pitaya geneticamente superiores: BRS Lua do Cerrado; BRS Luz do Cerrado; BRS Granada do Cerrado; BRS Minipitaya do Cerrado e BRS Âmbar do Cerrado. Essas são as primeiras cultivares de pitayas registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e chegam ao mercado para uniformizar e organizar a produção desse fruto que a cada dia conquista produtores e consumidores pelo País. Os novos materiais serão lançados na quarta-feira (24), dentro da programação de 2023 da AgroBrasília.
Resistentes a doenças, as novas cultivares apresentaram bom desempenho nos pomares, mesmo sem a aplicação de químicos. Essa característica as torna aptas para o cultivo orgânico, além de gerar menor impacto ambiental e financeiro na produção. Os frutos são bem doces, de polpa firme e as plantas apresentam manejo simples, boa produtividade e baixo custo de produção.
Histórico da pesquisa
Os lançamentos são resultado de um trabalho que se iniciou na década de 1990, a partir da seleção de espécies com maior potencial comercial e, também, de cruzamentos realizados entre e dentro de diferentes espécies. No início dos trabalhos, a Embrapa Cerrados chegou a formar um banco de germoplasma (coleção de diferentes acessos da espécie) com 400 genótipos diferentes. “A maior parte dos materiais foi coletada no Cerrado e, outros, doados por colecionadores de cactáceas”, conta o pesquisador da Embrapa Nilton Junqueira, pioneiro nas pesquisas com pitaya no Brasil.
O banco de germoplasma continha diferentes espécies de pitayas de centenas de clones de plantas matrizes que foram caracterizadas e selecionadas. O objetivo das pesquisas foi selecionar espécies com maior potencial comercial e, dentro delas, as plantas com maior produtividade, maior resistência a doenças, e melhor qualidade física e química dos frutos. “Também foram selecionadas plantas autocompatíveis e autoférteis, ou seja, que produziam frutos sem a necessidade da polinização manual”, explica Junqueira.
A fruta do dragãoTambém conhecida como fruta-do-dragão, por causa de sua aparência escamosa, as pitayas têm origem na América tropical e subtropical, incluindo o Brasil. O País possui uma espécie nativa, a Selenicereus setaceus, conhecida como Saborosa, de sabor aprimorado, uma vez que combina doçura com acidez. Além dessa espécie nativa, temos a Selenicereus costaricensis, que possui a casca vermelha e a polpa roxa. Essa e a Selenicereus undatus, pitaya de casca vermelha e polpa branca, são as que possuem maior expressão comercial. Há, no entanto, uma diversidade grande de outras espécies, como a Selenicereus megalanthus, que é a pitaya de casca amarela e polpa branca, bem mais doce do que as demais. O cultivo da pitaya é recente aqui e no mundo, mas está em franca expansão. Comercialmente, começou a ser plantada no País nos últimos 20 anos. Atualmente, o Brasil está entre os dez maiores produtores; no topo da produção estão o Vietnã e a China. Além de ser uma fruta bonita e vistosa, a pitaya também é funcional, por possuir características benéficas para a saúde. Ela é rica em fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. O fruto pode ser consumido in natura e em diversas receitas. A casca também pode ser consumida e utilizada para extração de corantes e outros produtos agroindustriais. A planta produz uma flor grande e bonita, que abre à noite e que possui potencial ornamental. Foto: Alexandre Veloso |
Sem necessidade de polinização cruzada
O pesquisador Fábio Faleiro, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, enfatiza que a autocompatibilidade, ou seja, a capacidade de a planta produzir frutos sem a necessidade da polinização cruzada, foi um ponto importante da pesquisa. “Todas as cinco cultivares que estão sendo lançadas possuem essa característica. Isso representa um aspecto muito positivo no manejo da cultura. É ganho de tempo e de qualidade de vida para os produtores, que não precisam mais acordar de madrugada para fazer a polinização manual”, ressalta.
As linhas de pesquisa com pitaya seguiram durante esses últimos anos em duas frentes. A primeira relacionada ao desenvolvimento de variedades geneticamente superiores, ou seja, mais produtivas, mais resistentes a pragas e doenças, teor de açúcar que atenda ao gosto do consumidor, além da autocompatibilidade. Já a segunda frente desenvolveu o sistema de produção, cujos resultados geraram um conjunto de recomendações relacionadas a produção de mudas, plantio, podas de formação e produção, sistemas de tutoramento das plantas, adubações de plantio e de cobertura, além da irrigação, colheita e processamento dos frutos.
Curso on-lineA Embrapa oferece o minicurso “Pitaya: melhoramento genético e sistemas de produção” de forma on-line, gratuita e com certificação da Empresa. Para realizar o curso basta acessar a Plataforma e-Campo da Embrapa. |
Validação de norte a sul do País
As cultivares desenvolvidas pela Embrapa foram validadas em todas as regiões do Brasil, com base numa rede de parceria público-privada. De acordo com Faleiro, os trabalhos são muito importantes para confirmar o potencial agronômico dessas cultivares em variados tipos de solo, de clima, e em sistemas de produção convencionais e orgânicos. “Nesse trabalho, são montadas unidades demonstrativas e de referência tecnológica em condições comerciais diversas. E os produtores e parceiros avaliam o desempenho agronômico das cultivares nas suas regiões”, explica.
Uma das empresas parceiras a testar os materiais foi o Recanto das Pitayas, de Turvo (SC). A validação no local começou em 2015. “Os resultados obtidos foram bastante promissores e atenderam à principal dificuldade que os agricultores vinham sentindo no cultivo, que é a questão da polinização manual”, destaca a engenheira agrônoma da propriedade, Cristine de Abreu.
“Essas cultivares possuem frutas mais lisas, com escama mais rala. São muito boas para se lidar. Além de serem 100% autoférteis. Elas vieram mesmo para ficar”, afirma o produtor Volnei Feltrin. Já o produtor Valmirei Feltrin destaca a resistência das variedades a doenças. “Nossas plantas estão sadias. Mesmo não tendo sido aplicada pulverização, não deu nenhuma doença. Esses materiais são excelentes opções para plantio orgânico”, indica. Ele e o irmão Volnei estão à frente do Recanto das Pitayas.
A experiência positiva com as novas cultivares tem se repetido de sul a norte do País. “As variedades da Embrapa têm se adaptado bem à nossa região e estão se tornando mais uma opção para os fruticultores do Vale do São Francisco”, destaca Éder Inácio, engenheiro-agrônomo e fruticultor em Petrolina (PE). O extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) Geraldo Magela concorda. “A pitaya é uma alternativa para aumentar a renda da propriedade rural. As cultivares desenvolvidas pela Embrapa são mais produtivas e de sabor diferenciado; além disso, não necessitam de polinização manual, o que é uma característica muito buscada pelos produtores”, salienta.
Foto: Alexandre Veloso
Testes na Região Norte
As novas cultivares também estão sendo validadas na fazenda Toca da Pitaya, em Manaus (AM). A Embrapa está avaliando no local a capacidade produtiva, manejo nutricional e fitossanitário e a determinação de coeficientes técnicos dos novos materiais. De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) Marcos Garcia a pitaya tem a vantagem de ser uma planta rústica e muito bem adaptada ao Amazonas. Outro ponto favorável da cultura, segundo o especialista, é que o cultivo da pitaya é uma atividade que não exige grandes áreas.
“O cultivo da pitaya pode contribuir com a sustentabilidade no Amazonas, por ser uma planta semiperene e ter um tempo de vida longo. Isso permite que se plante em sistema adensado e em pequenas propriedades de agricultores familiares”, explica Garcia. Ele conta que na fazenda Toca da Pitaya são cultivadas, aproximadamente, 7 mil plantas por hectare, ou seja, com o adensamento se tem maior produtividade em menor área. A propriedade possui mais de 120 mil pés de pitaya em cerca de 25 hectares.
De acordo com Faleiro, as experiências de sucesso desses produtores permitem a recomendação das cultivares para outros produtores dessas regiões, o que representa maior segurança no investimento nos pomares. “Com base nos trabalhos de validação, podemos dizer que é possível o cultivo das pitayas do Rio Grande do Sul até Roraima, sempre utilizando as cultivares recomendadas e o adequado sistema de manejo do pomar”, ressalta.
Como reproduzir e onde encontrarA pitaya pode ser propagada por semente e por mudas (cladódios ou estacas). O método por estaca é o mais usado comercialmente porque ele permite produção mais rápida e mantém integralmente as características genéticas das plantas matrizes. Cladódios e mudas das novas cultivares geneticamente superiores serão produzidos por viveiristas e produtores de material propagativo de pitaya parceiros da Embrapa. A oferta pública foi feita por meio do Comunicado de Oferta nº 07/2023, de 26 de abril de 2023. Inicialmente, foram oferecidos dez lotes compostos por 20 cladódios, sendo quatro de cada uma das cinco cultivares oriundas de plantas básicas implantadas na Embrapa Cerrados. Os produtores e viveiristas cadastrados no Renasem podem se tornar parceiros da Embrapa participando e atendendo às exigências do Edital de Oferta. Os produtores rurais interessados em produzir as cultivares de pitayas lançadas pela Embrapa podem adquirir cladódios ou mudas enraizadas dos produtores e viveiristas parceiros da Embrapa que produzem o material propagativo com garantia de origem genética. O contato desses produtores pode ser obtido na Página de Cultivares da Embrapa.
Foto: Alexandre Veloso |
Vídeo tecnológico mostra as cinco cultivares desenvolvidas pela Embrapa
Conheça as cinco cultivares de pitaya da EmbrapaBRS Lua do Cerrado (BRS LC) RNC 50893 (foto à esquerda) Cultivar de pitaya da espécie S. undatus, com frutos redondos, casca vermelha de polpa branca e autocompatível. Apresenta frutos grandes, com média de 600 g e sólidos solúveis de 14 a 17 °Bx A produtividade média anual pode ser superior a 35 kg de frutos por planta. BRS Luz do Cerrado (BRS LZC) RNC 50883 Cultivar de pitaya da espécie S. undatus, com frutos alongados, casca vermelha de polpa branca e autocompatível. Apresenta frutos grandes, com média de 600 g e sólidos solúveis de 14 a 17 °Bx. A produtividade média anual pode ser superior a 35 kg de frutos por planta. BRS Minipitaya do Cerrado (BRS MPC) RNC 50882 Cultivar de mini pitaya da espécie S. setaceus, com frutos vermelhos com espinhos e polpa branca para uso na fruticultura ornamental e para o mercado de frutas especiais, considerando o sabor diferenciado da sua polpa. Uma perfeita combinação entre o teor de sólidos solúveis totais e a acidez confere à polpa do fruto dessa cultivar um sabor aprimorado. Apresenta autocompatibilidade e frutos pequenos com média de 80 g e sólidos solúveis de 15 a 19 °Bx. A produtividade média anual pode ser superior a 10 kg de frutos por planta. BRS Granada do Cerrado (BRS GC) RNC 50894 Cultivar híbrida de casca vermelha e polpa roxa (S. undatus X S. costaricensis). Devido à heterose, apresenta alto vigor e alta produtividade que pode ser superior a 42 kg de frutos por planta. Os frutos são de tamanho médio, massa de aproximadamente 250 g e muito uniformes. BRS Âmbar do Cerrado (BRS AC) RNC 50881 Cultivar de pitaya de casca amarela, S. megalanthus, para o mercado de frutas especiais de alto valor agregado. Essa cultivar é autocompatível e pode atingir uma produtividade anual de mais de 20 kg de frutos por planta. Os frutos apresentam massa média de 150 g e são muito doces (acima de 20 º Brix). Uma importante característica dessa cultivar nas condições do Cerrado do Planalto Central é a produção durante todo o ano, incluindo a entressafra das demais cultivares de pitayas desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético realizado na Embrapa Cerrados.
Fotos: Alexandre Veloso |
Melhoramento genético das pitayas
Para mais informações sobre as cultivares, sistema de produção, mercado e processamento da pitaya, acesse gratuitamente o livro “Pitaya: uma alternativa frutífera” (https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/232364/1/livropitaya-versaofinalweb.pdf) editorado pela Embrapa em parceria com a Empaer e a Universidade Federal de Lavras.
Para saber mais informações sobre o histórico das pesquisas com pitayas na Embrapa Cerrados, acesse gratuitamente a publicação “Pitayas: atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação na Embrapa Cerrados” (https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/230728/1/Doc-374-Fabio-Faleiro.pdf)
Foto: Alexandre Veloso (fruto da pitaya Granada)
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