Em meio as altas temperaturas típicas de Palmas neste período do ano, a beleza e o canto das araras chamam a atenção. Em diferentes pontos da cidade de Palmas é possível observar esta ave tradicional do Cerrado tocantinense dando o ar da graça, o que proporciona momentos de apreciação que trazem mais leveza ao conturbado período de crise sanitária vivenciada em todo o mundo. No Dia Nacional do Cerrado, lembrado nesta sexta-feira, 11, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) publica a segunda matéria especial sobre este bioma fundamental à biodiversidade, localizado no coração no Brasil.
A arara-azul, arara-canindé ou arara-de-barriga amarela é considerada pássaro símbolo do Estado. Os símbolos naturais do Tocantins foram instituídos por lei nos anos de 1990. Atualmente, esta ave símbolo tocantinense tem corrido o mundo através de registros em fotos e vídeos publicadas por anônimos e famosos nas redes sociais da internet. O conhecido jornalista brasileiro André Trigueiro, por exemplo, compartilhou, em sua página do Twitter, o momento em que uma arara se delícia com água de coco fresquinha na copa de um coqueiro na Capital. O vídeo publicado em agosto passado possui mais de 750 mil visualizações. Na publicação, o jornalista escreveu: “nunca vi uma água de coco ser degustada com tanta classe.
De voo ágil, vivem em bandos e são consideradas aves muito inteligentes. Com sua plumagem colorida, são dóceis, apesar de que o bico grande e curvado possa até assustar inicialmente. Seus pés têm dois dedos voltados para frente e dois, para trás. Para escalada em árvores, contam com ajuda do bico. A dieta alimentar é baseada em sementes, nozes, frutas e flores. “As araras combatem o efeito venenoso de algumas sementes que ingerem comendo caolim, uma argila fina, o ingrediente básico do leite de magnésia. O caolim liga as toxinas e torna-as relativamente inócuas. Além disso o caolim serve como um complemento mineral pois contém cálcio e sódio, inexistente na dieta de frutas e sementes”, analisou o biólogo do Naturatins, Tiago Scapini.
No Tocantins há a ocorrência de diversas espécies de araras entretanto, a mais comum é a arara-canindé. Ocorre também a arara-azul-grande, arara-vermelha e a arara-macau, além de várias espécies de ararinhas, papagaios, maitacas e periquitos. O biólogo explica que as araras têm papel fundamental para a preservação do Cerrado, porque são dispersoras de sementes. “A fauna silvestre como um todo presta um enorme serviço ambiental, as araras são responsáveis pela dispersão de sementes e consequentemente pelo reflorestamento natural das áreas naturais. Além disso, participam de toda a teia alimentar onde vivem”, destacou.
O alerta importante é que algumas espécies da ordem psitaciformes estão entre as mais ameaçadas de extinção. A caça ilegal e destruição do hábitat natural, que ocorre por meio do desmatamento e das queimadas, estão entre as principais ameaças. “Os psitacídeos (araras, papagaios e periquitos) são animais muito visados pelo tráfico de animais silvestres, tanto pela sua beleza e exuberância, quanto pela sua capacidade de reproduzir palavras. O Tocantins, além de estar na rota do tráfico de animais silvestres também é muito visado pelos criminosos para a retirada destes animais durante o período reprodutivo”, finalizou Tiago Scapini.
A captura de aves sem licença ou autorização do órgão ambiental configura crime ambiental. No entanto, se a ave for adquirida de um criador comercial licenciado, é possível criá-la como animal de estimação, sendo obrigatório a nota fiscal de compra, documento de origem e a ave deve ser anilhada.
(Com informações Naturatins)