Porque a picanha do churrasco do Bolsonaro é tão cara? Qual a origem da carne?

Imagem publicada nas redes sociais

Uma foto postada nas redes sociais chamou atenção, o presidente aparece com “Tchê”, churrasqueiro dos artistas, segurando a “picanha mito”, criada pelo Frigorífico Goiás durante a campanha de 2018. Uma picanha cujo quilo sai a R$ 1.799,99. Por que, afinal, carne desse tipo é tão cara? Conheça sobre a raça de animal especial de onde foi extraída a carne que Bolsonaro ganhou.

O CORTE

A picanha por si só é um corte de alto valor comercial. Sua popularização começou na década de 1960, quando o imigrante húngaro László Wessel atendeu à demanda de clientes alemães no bairro do Bigixa, em São Paulo, e acabou conquistando outros clientes. A paixão pela picanha foi avassaladora porque, na época, era uma das poucas partes macias do boi, além do filé-mignon. Os tempos áureos do corte fizeram a peça ir parar em cardápios de casas de carne internacionais. Mesmo com o passar dos anos e a melhora genética dos animais, a picanha segue um objeto de desejo caro — ainda mais quando é extraída de um animal especial, como é o caso da carne que Bolsonaro ganhou.

A RAÇA

A chamada “picanha mito” é da carne do boi mais desejado do mundo: o wagyu. Também conhecido como Kobe beef, ele foi levado da Península Coreana ao Japão no século II para ajudar no cultivo do arroz. Um dos fatores que contribuem para a excelência do animal é o trabalho de análise desenvolvido pela “Japan Meat Grading Association”. Ela avalia aspectos como coloração, quantidade de gordura e grau de marmoreio, que é a gordura entremeada nas fibras, capaz de tornar as peças muito mais macias e saborosas. As carnes são precificadas de acordo com essa classificação. Na escala de marmoreio criada no Japão, há tipos de bife que vão de 1 a 12, divididos ainda em cinco níveis: ruim, regular.

A nobreza e valorização desse produto está no chamado marmoreio, nome dado ao aspecto de carne bovina com gordura intramuscular. Segundo a ABCWagyu, quanto maior o nível de marmoreio, maior é a remuneração pela carne, que pode chegar a 2,5 vezes o valor da arroba de uma carne comum.

Para conquistar um marmoreio de alta qualidade, o gado wagyu precisa ficar de 8 a 12 meses na terminação em confinamento, o que encarece o custo total de produção. Um animal da raça nelore, por exemplo, fica de 30 a 90 dias na terminação, em média.

O custo de produção de um wagyu depende muito do perfil do criador ou se ele faz o ciclo completo ou compra os animais, mas varia em torno de R$ 8 mil a R$ 12 mil por animal. A fase da terminação – essencial para o marmoreio – representa cerca de 50% do valor total da produção.

Com informações: Uol, Revista Globo Rural.