Parceria entre Associação do Tocantins e WWF-Brasil fortalece contexto socioambiental no Jalapão

Desde setembro de 2022 já foram realizadas uma série de ações e encontros com as comunidades residentes na Área de Proteção Ambiental (APA) Jalapão e no entorno do Parque Estadual do Jalapão (PEJ) em apoio às ações de manejo integrado do fogo, lideradas pelos gestores das referidas unidades de conservação, além de atividades focadas no fortalecimento da economia agroextrativista local. A iniciativa segue até agosto de 2023 e é fruto da parceria entre a Associação Onça D’água e o WWF-Brasil para execução do projeto “Fortalecimento das ações de Manejo Integrado do Fogo junto às áreas protegidas e Sociobiodiversidade no território do Jalapão”.

 

Com cooperação técnica firmada, as organizações uniram suas competências a fim de fortalecer as áreas protegidas que são instrumentos essenciais para a proteção do Cerrado. “Pudemos perceber que a percepção da comunidade sobre as áreas protegidas mudou. Antes alguns temiam, por exemplo,  a existência do Parque Nacional Nascentes do Parnaíba, em função da sobreposição a uma parte do seu território de uso, e agora reconhecem a importância da Unidade de Conservação (UC), pois a presença do Parque tem se mostrado uma garantia a mais para a proteção da região, dos recursos do Cerrado, da comunidade e dos seus modos sustentáveis de vida”, explica a técnica de campo da Onça D’água, Cassiana Moreira, se referindo às atividades realizadas no Povoado Quilombola do Prata, no município de São Félix do Tocantins.

 

Conforme Angélica Beatriz, conselheira administrativa da Associação Onça D’água, a parceria com o WWF-Brasil e a participação de outras instituições são fundamentais para o sucesso do projeto. “As UCs são instrumentos de proteção da nossa sociobiodiversidade. Unir comunidades e órgãos ambientais potencializa as iniciativas de proteção ao Cerrado, além de estimular políticas públicas que conservem as boas-práticas no manejo agroextrativista de espécies como o capim-dourado e o buriti, que fomentam a economia regional”, explica.

 

O projeto garantiu apoio à realização de atividades como o Encontro Jalapão Integrado, a Feira de Produtos Agroalimentares e da Sociobiodiversidade do Cerrado, a capacitação de agentes ambientais da rota turística do Jalapão, rodas de conversa e outras ações de fortalecimento das associações de pequenos produtores. Uma das ações mais recentes foi o apoio à realização de sessão de fotos para o catálogo digital que será produzido para divulgação das peças de artesanato do capim-dourado e buriti de três associações locais.

 

Participam do projeto comunidades rurais residentes na Área de Proteção Ambiental (APA) Jalapão e no entorno do Parque Estadual do Jalapão, envolvendo os gestores e equipes dessas unidades de conservação, além da Associação Comunitária Quilombola dos Extrativistas, Artesãos e Pequenos Produtores do Povoado Do Prata; Associação de Artesãos e Extrativistas do Povoado do Mumbuca; e a Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros (ACAPPM).

 

Sociobiodiversidade no Cerrado

 

A região do Jalapão é caracterizada pela riqueza e diversidade do Cerrado, ainda em bom estado de conservação, além de ser considerado de grande relevância hídrica pela contribuição à bacia hidrográfica Tocantins-Araguaia especialmente por meio dos rios Sono, Vermelho e Novo, abundantes e caudalosos na região. 

 

Os extensos ambientes de veredas, uma fitofisionomia importante no Cerrado composta por campos úmidos e buritizais, abrigam a sempre-viva conhecida como “capim-dourado” (Syngonanthus nitens) e o próprio buriti (Mauritia Flexuosa), utilizados na confecção do artesanato de capim-dourado, que tornou-se um dos principais alavancadores da geração de renda a partir da produção artesanal de diversas comunidades rurais.

 

Em função da demanda estimulada pelo artesanato do capim-dourado e dos ambientes naturais associados aos recursos hídricos, o turismo também se consagrou como atrativo da região nos últimos anos. 

 

Onça D’Água

 

A Associação Onça D’água de Apoio à Gestão e ao Manejo das Unidades de Conservação do Tocantins tem como objetivo apoiar operacional e tecnicamente a gestão e o manejo das Unidades de Conservação da Natureza do Estado do Tocantins; promover a defesa, a preservação e conservação da biodiversidade, a educação ambiental e o resgate dos valores culturais.


Composta por um grupo de profissionais voluntários de diversas formações, a Onça D’água é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos e membro da Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática.

Fonte: Tocantins Rural