A 18ª edição do Workshop sobre Produção de Caprinos na Região da Mata Atlântica reuniu nesta sexta-feira (05 de julho), em Coronel Pacheco (MG), comunidade científica, produtores e técnicos de assistência técnica e extensão rural para trocar experiências e discutir os desafios para a produção de caprinos leiteiros na região. A programação do evento, que foi transmitido pelo canal da Embrapa no YouTube, abordou programas de melhoramento genético no Brasil e na Espanha, possibilitando aos participantes a visão das dificuldades enfrentadas por criadores dos dois países e as soluções adotadas. O pesquisador Olivardo Facó, da Embrapa Caprinos e Ovinos, resgatou o histórico do Programa de Melhoramento Genético de Caprinos Leiteiros (Capragene®) iniciado em 2005, explicando aspectos técnicos do seu funcionamento, os principais resultados alcançados e as perspectivas e desafios. Facó destacou a necessidade de tornar o programa mais acessível para mais criadores porque é fundamental ter uma base de dados maior; diminuir a dependência de recursos governamentais para garantir a sustentabilidade do Capragene; além de identificar novos caminhos para diferenciar e gerar valor agregado aos produtos do programa. O representante da Asociación Nacional de Criadores de Caprino de Raza Murciano-Granadina (Caprigran), Javier Fernandez, compartilhou a experiência do programa de melhoramento genético de caprinos da raça Murciano-Granadina, principal raça leiteira da Espanha. Fernandez enfatizou a importância da preservação de raças rústicas, adaptadas ao meio, como forma de conservação de territórios de alto valor ambiental. “A preservação da raça com grande aptidão leiteira, com rusticidade, adaptada ao meio é importante sobretudo em função das mudanças climáticas”, afirmou. A qualidade do leite produzido e essa rusticidade do animal são os aspectos mais importantes no programa de melhoramento genético. No entanto, “leva-se muito tempo para fazer genética e os produtores precisam sobreviver, por isso focamos no manejo da saúde e em melhorar a alimentação”, explicou Fernandez. Ele ressaltou o trabalho de garantir boa alimentação, saúde e bom ambiente para controlar as enfermidades, uma vez que não se pode eliminá-las completamente. O programa é mantido em grande parte pelos criadores, o que diminui a dependência de políticas públicas. “Incentivamos que cada produtor tenha boa genética no seu rebanho para que seja independente e autônomo, sem depender de recursos externos”. Para Fernandez, o êxito do trabalho acontece em função do associativismo, sob a liderança de pessoas que trabalham para os demais. Outro aspecto importante é o fato de os dados retornarem para os produtores em forma de conhecimento, com soluções para a seleção. A importância da sanidade dos rebanhos, destacada pelo criador espanhol, foi o tema da palestra do pesquisador Marcel Teixeira, da Embrapa Caprinos e Ovinos, que falou sobre controle parasitário seletivo e manejo da resistência anti-helmíntica em caprinos e ovinos. “O controle parasitário tem tudo a ver com melhoramento genético. Nutrição e melhoramento genético são muito importantes no controle da verminose”, afirmou. O controle integrado é o que a Embrapa tem recomendado. Medidas simples podem ser adotadas para a redução da contaminação, antes de lançar mão dos medicamentos, tais como reduzir a taxa de lotação; preferir capim alto ou pastagem nativa; fazer feno ou silagem com capim mais contaminado porque eliminam os vermes; separar os animais por idade; utilizar pastejo rotacionado com bovinos; higienizar as instalações; utilizar esterqueiras; além de tratar animais comprados ao serem inseridos na propriedade. Teixeira indicou aos produtores a plataforma Paratec, onde podem ser obtidas informações importantes sobre o controle da verminose. A sanidade dos rebanhos de caprinos leiteiros e o impacto desse aspecto nos custos da propriedade foram abordados pelo pesquisador Glauco Rodrigues Carvalho, da Embrapa Gado de Leite, na palestra sobre potenciais impactos econômicos da doença hidrometra, que acomete a cavidade uterina, sobre os sistemas de produção de caprinos leiteiros. Ele enfatizou que a pseudogestação das cabras leiteiras atinge cerca de 10% dos rebanhos, mas o tratamento consegue êxito em 60% dos animais. Empreendedorismo no meio rural Felipe Seabra, consultor em pequenos ruminantes, apresentou um sistema de gerenciamento de rebanhos que facilita o trabalho de gestão da propriedade. “É importante ter os dados dos animais a fim de acompanhar a evolução do rebanho, para acompanhar as ocorrências”, explicou. Ele destacou que os dados coletados – desde o pré-parto, peso ao nascimento, entre outros – devem gerar indicadores para tomadas de decisão. A oportunidade de turismo rural nas propriedades foi o tema abordado pela professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Diana de Castro. Ela destacou que as atividades agropecuárias sofrem com aspectos sazonais e ambientais e o turismo pode ser uma alternativa viável para essas épocas, aproveitando o aumento das oportunidades na área a partir da pandemia e com o interesse da geração Z, preocupada com produtos e serviços sustentáveis. A professora apresentou diversos exemplos de experiências disponibilizadas em propriedades rurais para turistas e a importância de profissionalizar esse serviço para obter bons resultados. O 18º Workshop sobre Produção de Caprinos na Região da Mata Atlântica teve uma boa repercussão entre os participantes. Sua importância foi reconhecida pelo presidente da Associação dos Criadores de Cabras Leiteiras da Zona da Mata Mineira (Caprima), Caetano Sousa, que ressaltou a evolução da caprinocultura leiteira ao longo dos últimos 30 anos em termos de sanidade, genética e busca de mercado. “A organização de produtores e a ampliação dos mercados são os maiores desafios. O evento promove a troca de experiências e de conhecimentos científicos a fim de solucionar esses desafios”. Para Ana Clara Cavalcante, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, “esse evento tem dado frutos ao longo dos 18 anos de realização. Ano que vem a Embrapa Caprinos e Ovinos completa 50 anos em 2025 e a caprinocultura leiteira é uma das motivações do nosso trabalho”. O Workshop contou com o apoio financeiro da Associação de Empregados da Embrapa Gado de Leite e do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, além da parceria da Caprima e da Prefeitura de Coronel Pacheco.
A 18ª edição do Workshop sobre Produção de Caprinos na Região da Mata Atlântica reuniu nesta sexta-feira (05 de julho), em Coronel Pacheco (MG), comunidade científica, produtores e técnicos de assistência técnica e extensão rural para trocar experiências e discutir os desafios para a produção de caprinos leiteiros na região.
A programação do evento, que foi transmitido pelo canal da Embrapa no YouTube, abordou programas de melhoramento genético no Brasil e na Espanha, possibilitando aos participantes a visão das dificuldades enfrentadas por criadores dos dois países e as soluções adotadas. O pesquisador Olivardo Facó, da Embrapa Caprinos e Ovinos, resgatou o histórico do Programa de Melhoramento Genético de Caprinos Leiteiros (Capragene®) iniciado em 2005, explicando aspectos técnicos do seu funcionamento, os principais resultados alcançados e as perspectivas e desafios.
Facó destacou a necessidade de tornar o programa mais acessível para mais criadores porque é fundamental ter uma base de dados maior; diminuir a dependência de recursos governamentais para garantir a sustentabilidade do Capragene; além de identificar novos caminhos para diferenciar e gerar valor agregado aos produtos do programa.
O representante da Asociación Nacional de Criadores de Caprino de Raza Murciano-Granadina (Caprigran), Javier Fernandez, compartilhou a experiência do programa de melhoramento genético de caprinos da raça Murciano-Granadina, principal raça leiteira da Espanha. Fernandez enfatizou a importância da preservação de raças rústicas, adaptadas ao meio, como forma de conservação de territórios de alto valor ambiental.
“A preservação da raça com grande aptidão leiteira, com rusticidade, adaptada ao meio é importante sobretudo em função das mudanças climáticas”, afirmou. A qualidade do leite produzido e essa rusticidade do animal são os aspectos mais importantes no programa de melhoramento genético. No entanto, “leva-se muito tempo para fazer genética e os produtores precisam sobreviver, por isso focamos no manejo da saúde e em melhorar a alimentação”, explicou Fernandez. Ele ressaltou o trabalho de garantir boa alimentação, saúde e bom ambiente para controlar as enfermidades, uma vez que não se pode eliminá-las completamente.
O programa é mantido em grande parte pelos criadores, o que diminui a dependência de políticas públicas. “Incentivamos que cada produtor tenha boa genética no seu rebanho para que seja independente e autônomo, sem depender de recursos externos”. Para Fernandez, o êxito do trabalho acontece em função do associativismo, sob a liderança de pessoas que trabalham para os demais. Outro aspecto importante é o fato de os dados retornarem para os produtores em forma de conhecimento, com soluções para a seleção.
A importância da sanidade dos rebanhos, destacada pelo criador espanhol, foi o tema da palestra do pesquisador Marcel Teixeira, da Embrapa Caprinos e Ovinos, que falou sobre controle parasitário seletivo e manejo da resistência anti-helmíntica em caprinos e ovinos. “O controle parasitário tem tudo a ver com melhoramento genético. Nutrição e melhoramento genético são muito importantes no controle da verminose”, afirmou.
O controle integrado é o que a Embrapa tem recomendado. Medidas simples podem ser adotadas para a redução da contaminação, antes de lançar mão dos medicamentos, tais como reduzir a taxa de lotação; preferir capim alto ou pastagem nativa; fazer feno ou silagem com capim mais contaminado porque eliminam os vermes; separar os animais por idade; utilizar pastejo rotacionado com bovinos; higienizar as instalações; utilizar esterqueiras; além de tratar animais comprados ao serem inseridos na propriedade. Teixeira indicou aos produtores a plataforma Paratec, onde podem ser obtidas informações importantes sobre o controle da verminose.
A sanidade dos rebanhos de caprinos leiteiros e o impacto desse aspecto nos custos da propriedade foram abordados pelo pesquisador Glauco Rodrigues Carvalho, da Embrapa Gado de Leite, na palestra sobre potenciais impactos econômicos da doença hidrometra, que acomete a cavidade uterina, sobre os sistemas de produção de caprinos leiteiros. Ele enfatizou que a pseudogestação das cabras leiteiras atinge cerca de 10% dos rebanhos, mas o tratamento consegue êxito em 60% dos animais.
Empreendedorismo no meio rural
Felipe Seabra, consultor em pequenos ruminantes, apresentou um sistema de gerenciamento de rebanhos que facilita o trabalho de gestão da propriedade. “É importante ter os dados dos animais a fim de acompanhar a evolução do rebanho, para acompanhar as ocorrências”, explicou. Ele destacou que os dados coletados – desde o pré-parto, peso ao nascimento, entre outros – devem gerar indicadores para tomadas de decisão.
A oportunidade de turismo rural nas propriedades foi o tema abordado pela professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Diana de Castro. Ela destacou que as atividades agropecuárias sofrem com aspectos sazonais e ambientais e o turismo pode ser uma alternativa viável para essas épocas, aproveitando o aumento das oportunidades na área a partir da pandemia e com o interesse da geração Z, preocupada com produtos e serviços sustentáveis. A professora apresentou diversos exemplos de experiências disponibilizadas em propriedades rurais para turistas e a importância de profissionalizar esse serviço para obter bons resultados.
O 18º Workshop sobre Produção de Caprinos na Região da Mata Atlântica teve uma boa repercussão entre os participantes. Sua importância foi reconhecida pelo presidente da Associação dos Criadores de Cabras Leiteiras da Zona da Mata Mineira (Caprima), Caetano Sousa, que ressaltou a evolução da caprinocultura leiteira ao longo dos últimos 30 anos em termos de sanidade, genética e busca de mercado. “A organização de produtores e a ampliação dos mercados são os maiores desafios. O evento promove a troca de experiências e de conhecimentos científicos a fim de solucionar esses desafios”.
Para Ana Clara Cavalcante, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, “esse evento tem dado frutos ao longo dos 18 anos de realização. Ano que vem a Embrapa Caprinos e Ovinos completa 50 anos em 2025 e a caprinocultura leiteira é uma das motivações do nosso trabalho”.
O Workshop contou com o apoio financeiro da Associação de Empregados da Embrapa Gado de Leite e do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, além da parceria da Caprima e da Prefeitura de Coronel Pacheco.