O mercado do boi gordo entra no último bimestre do ano com expectativa positiva, sustentada pela melhora das pastagens e pelo aumento gradual da demanda interna. Segundo o analista da Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, a tendência é de avanço no consumo de proteínas animais, impulsionado pelo comportamento sazonal típico desse período.
“Todo ano é assim. Todo ano gera um efeito positivo no consumo de proteínas animais e esse ano não vai ser muito diferente. A gente tem uma expectativa muito boa, até porque a exportação está muito forte, muito agressiva”, afirma.
Depois de um mês de setembro considerado histórico, as exportações brasileiras de carne bovina se encaminham a um resultado ainda melhor em outubro. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apenas nos primeiros 18 dias úteis do mês, foram enviadas ao exterior 15,36 mil toneladas da proteína, alta de 2,3% frente ao mesmo período do ano passado.
Abate de animais jovens cresce e eleva qualidade da carne
Dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que 40% dos abates no país envolvem bovinos com menos de 24 meses. Para Iglesias, esse aumento na participação de animais mais jovens acaba influenciando a qualidade da carne, o volume de produção e o comportamento de preços.
“A questão da precocidade foi uma exigência do mercado e o Brasil está entregando isso. Além de entregar um animal jovem, a carne brasileira está aumentando qualidade ao longo dessa década. Hoje, ela atende os requisitos de exportação para atender os mercados mais exigentes do mundo. É bem interessante isso”, destacou.
Neste sentido, apesar da ampliação da participação da China nas exportações brasileiras de carne bovina para cerca de 60%, após a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, Iglesias recomenda que o Brasil se abra a novos mercados.
“Tentar abrir de uma vez o Japão, Coreia do Sul, mercados importantes que compram bons volumes e reduzir cada vez mais essa dependência em relação à China. Esse é o caminho para a bovinocultura de corte aqui no Brasil”.
Câmbio e cenário externo devem guiar o setor em 2026
Além do câmbio como um fator determinante para o desempenho das exportações, analistas avaliam que 2026 deve marcar a recomposição do rebanho, com foco na eficiência reprodutiva das fêmeas.
No entanto, para Iglesias, outras variáveis devem ser observadas nos próximos meses para que o setor mantenha a rentabilidade e evite um desequilíbrio entre oferta e preço
“Câmbio é uma variável chave para 2026, mas o que a gente precisa acompanhar de perto, agora em novembro, é a decisão que a China vai tomar em relação àquela investigação que está conduzindo sobre o impacto das importações de carne bovina na formação da produção local. E por fim, a gente tem que monitorar o cenário envolvendo China e Estados Unidos, mais para o mercado de grãos”, finalizou.











