Garantir a segurança alimentar dos rebanhos de caprinos e ovinos durante todo o ano é um dos grandes desafios dos criadores na região semiárida do Brasil. Se no período chuvoso há abundância de oferta de forragem na vegetação nativa, durante a estiagem essa oferta se restringe em virtude da pouca variedade e diminuição da qualidade. Uma das alternativas indicadas pela Embrapa Caprinos e Ovinos é a ensilagem, técnica para a produção de forragem conservada.
O criador deve fazer a ensilagem no período chuvoso para oferecer aos animais durante a época seca. Em alguns estados do Nordeste as chuvas já estão diminuindo, mas nas regiões de Sergipe, Alagoas e Bahia, onde as chuvas começam mais tarde, ainda é tempo de preparar essa reserva de alimentos.
As melhores forrageiras para ensilagem são aquelas com elevado teor de açúcares solúveis, como o milho e o sorgo. Os capins não são indicados para essa finalidade, com exceção do capim-elefante que tem um teor de carboidratos solúveis e por isso gera silagem de boa qualidade. Embora as leguminosas não sejam adequadas para serem ensiladas isoladamente, elas podem compor silagens de milho, sorgo ou capim-elefante para melhorar o valor proteico. Os especialistas sugerem adicionar até 20% de leguminosas ou de cana picada, o que também ajuda a melhorar as condições de fermentação.
Plantas indicadas para o processo de ensilagem
Para fazer a silagem de milho, utilizam-se as mesmas variedades para produção de grãos adaptadas à região. A planta deve ser cortada inteira quando os grãos estiverem no ponto farináceo. O rendimento é de 20 a 30 toneladas de massa verde por hectare.
As variedades de sorgo mais indicadas para a ensilagem são aquelas que podem ser usadas para produção de forragem e grão. Da mesma forma que o milho, a planta do sorgo deve ser cortada inteira quando o grão estiver em ponto farináceo. A produção é de 20 a 40 toneladas por hectare.
Já o capim elefante deve ser cortado quando estiver com 1,8 metros de altura, entre 60 e 70 dias depois de plantado. Como o capim tem muita água em sua composição, é necessário murchá-lo antes de colocar no silo.
O processo de ensilagem, se feito de forma correta, gera um alimento com alta concentração de nutrientes e bem aceito pelos animais. Para que a silagem produzida seja de boa qualidade é necessário observar três aspectos importantes: o material que será ensilado; a umidade do material; e a retirada do oxigênio dentro do silo por meio da compactação.
Passo a passo
Colheita – O ponto ideal de corte de milho e sorgo para a silagem é quando os grãos estão no estágio de farináceo duro, quando a planta acumula a maior quantidade de matéria seca e melhor qualidade nutricional. O corte deve ser feito entre 5 e 10 cm de altura do chão.
Picagem – As plantas devem ser picadas em pedaços de 2 a 3 cm. Pedaços grandes atrapalham o processo de compactação e permitem ao animal uma maior seleção, aumentando as perdas no cocho. Pedaços muito pequenos geram uma perda acentuada de nutrientes e favorecem uma compactação acentuada da massa.
Enchimento – O enchimento do silo deve ser feito o mais rápido possível para que a fermentação do material aconteça de forma homogênea. Para isso, o produtor deve planejar a logística para utilização de máquinas e mão-de-obra.
Compactação – É a etapa mais importante do processo. Nesta fase ocorre a expulsão de oxigênio de dentro do silo, que pode ser feita de várias maneiras: pisoteio animal ou humano; ou ainda com uso de tratores, rolos ou tambores compactados.
Vedação – A última fase do processo de ensilagem consiste no fechamento do silo com lona plástica, material vegetal morto e terra. Deve ser muito bem feita para impedir a troca de oxigênio entre o ambiente e o material ensilado. A cobertura de lona plástica com material vegetal seco e terra é muito importante para aumentar a durabilidade da lona e diminuir o aquecimento da superfície do silo, que pode ocasionar perda do valor nutricional da silagem.
O engenheiro-agrônomo da Embrapa Caprinos e Ovinos, Lucas Oliveira, a silagem quando bem feita e bem manejada é uma ótima fonte de alimento para os rebanhos nas épocas do ano quando não há disponibilidade de pastagem. A compactação adequada e a vedação correta fazem com que o silo armazene alimento de qualidade para os animais por vários anos, podendo ser considerado uma poupança de alimento que o produtor só utilizará quando houver grande necessidade. “Outro ponto importante quando falamos de silagem é o uso do silo. O produtor deve estar sempre atento ao fato de que uma vez aberto o silo ele deve ser consumido totalmente, sem interrupções. Não podemos abrir o silo e tentar fazer a vedação novamente para fornecer aos animais em outro momento do ano. Seguindo com atenção as orientações de preparo e manejo da silagem, o produtor terá um alimento de qualidade para fornecer aos seus rebanhos sempre que necessário”, conclui.
Fonte:Embrapa Caprinos e Ovinos / Adriana Brandão