A Defesa Civil do Tocantins contabiliza 141 desabrigados e 81 desalojados em todo o estado. Esses números podem ser maiores, pois alguns municípios ainda não repassaram os dados para a Defesa Civil estadual. A cidade com mais registros é Araguanã, no norte do estado, com a cheia do rio Lontra. Na cidade, são 91 desabrigados e 62 desalojados.
Ainda de acordo com o órgão, o volume de chuvas nas últimas 72 horas alcançou 250 milímetros. Domingo foi um dos dias de mais cheia, com registro de 200 milímetros de volume pluviométrico, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). No entanto, para os próximos dias, a previsão é de redução desses números, com exceção do extremo norte do estado, que pode apresentar índices próximos aos 100 milímetros.
O rio Urubu, no sudoeste do Tocantins, subiu acima do esperado e transbordou. A situação deixou as estradas, que são corredores agrícolas, intrafegáveis
Imagens aéreas mostram que as plantações de arroz do maior projeto agrícola irrigado em terras contínuas da América Latina ficaram completamente submersas. Por causa da enchente, a colheita foi suspensa em algumas fazendas.
Além dos prejuízos materiais e econômicos, as chuvas também causaram a interdição da BR-226, no norte do estado. As obras de reparo já começaram, mas o prazo para a resolução do problema depende, também, da previsão de chuvas para os próximos dias. Os desvios atuais da rodovia aumentam em mais de 100 km o deslocamento.
O município de Lagoa da Confusão, que decretou situação de emergência, teve a orla inundada. Os prejuízos causados pelo excesso de chuvas repentinas ainda não foram calculados. A defesa civil estadual estima uma média de 40 desabrigados e aproximadamente 160 pessoas afetadas.
“A gente está bastante preocupado nos próximos dias, porque a previsão ainda é de chuva. Se realmente chover, vai ficar bastante prejudicado porque a colheita tem que ser rápida, não tem muito prazo para esperar. Ela deve acontecer em poucos dias e cada dia que se perde, o prejuízo aumenta”, comenta o prefeito de Lagoa da Confusão, Thiago Soares Carlos.
Essa enchente acontece cinco meses depois de uma seca extrema no sudoeste do estado, que castigou os rios da região. De acordo com pesquisa do Mapbiomas, a forma de ocupação do uso do solo pode estar relacionada a essas situações extremas. O mapa mostra, em vermelho, as áreas mais afetadas, no entorno do rio Araguaia e do rio Xingu, entre o Tocantins e o Mato Grosso.
“Tem toda a questão de mudança do uso de cobertura da terra. O ambiente natural armazena água e quando tem o evento de chuva ele retém a água e fica soltando essa água mais lentamente para o rio”, explica Juliano Schirmbeck, pesquisador do Mapbiomas Água.
Apesar da previsão do INMET ser de menos chuva nos próximos dias, em relação às semanas anteriores, o estado ainda pode registrar novos temporais.
“Chuvas volumosas na faixa de 50 a 70 mm por dia e realmente faz com que haja uma forte condição de inundações em um curto período de tempo, de cinco dias a uma semana ou 10 dias, no máximo”, informa o meteorologista Francisco de Assis. Fonte: G1