Análise do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa mostra que conjuntura internacional e fraca demanda interna são desafios para o setor lácteo em 2024. Medidas governamentais como a proteção do setor às importações e linha de crédito para capital de giro podem tornar este ano melhor que 2023. Há alguns anos, a produção brasileira de leite estagnou em torno de 34 bilhões de litros anuais. Até setembro de 2023, volume da produção leiteira nacional aumentou 1,4% em relação ao mesmo período de 2022. Principais exportadores para o Brasil, Uruguai e Argentina apresentam produção mais eficiente e competitiva em comparação à brasileira. Analistas recomendam que produtores se especializem em setores para otimizar a produção e aumentar a eficiência. Com duas guerras em andamento no mundo (Rússia X Ucrânia e Israel X Palestina), desempenho fraco das grandes economias globais e juros elevados, os pesquisadores e analistas do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite) não esboçam muito otimismo para a cadeia láctea em 2024. O analista José Luiz Bellini acredita que este será um ano desafiador para produtores e laticínios. “Depois de um ano difícil, 2024 ainda não será o ano da recuperação e continuaremos observando a exclusão de produtores menos eficientes e de pequenos laticínios, como tem ocorrido nos últimos anos”, lamenta Bellini. Somado à complexa conjuntura global, o recuo das importações chinesas tem mantido os preços internacionais estáveis, mas abaixo da média histórica. Embora demonstrasse uma ligeira alta de 1,6% em relação ao evento anterior, no leilão de 05/12 da Global Dairy Trade (GDT) a média de preços das negociações foi de US$ 3.323/tonelada (valor que já esteve acima de US$ 5.000/tonelada, em março de 2022). “Esses são dados que corroboram para a produção de leite acanhada dos maiores exportadores de lácteos”, afirma o analista. Mas se o cenário internacional é motivo de preocupação, o ambiente interno traz notícias positivas. O crescimento do PIB em 2023 desafiou as previsões iniciais de 0,5% e superou a marca dos 3%. A inflação está controlada e o desemprego, em queda. “No entanto, esse bom desempenho da economia ainda não repercutiu na cadeia produtiva e o consumo de lácteos continua baixo”, argumenta o pesquisador Glauco Carvalho. A edição de dezembro da Nota de Conjuntura Econômica do CILeite aponta que a fraca demanda interna também é um dos fatores que comprometem a rentabilidade dos produtores. “Em vários estados, pequenos produtores estão recebendo menos de R$1,80 pelo litro de leite, o que é insuficiente para remunerar a produção”, avalia Carvalho. Desde julho do ano passado, a relação de troca do produtor (Índice de Preços Recebidos IPR/Índice de Preços Pagos – IPP) é menor que a média dos últimos sete anos. A consequência da baixa rentabilidade dos produtores é o desestimulo à produção. Já há alguns anos, o volume de leite produzido no Brasil está estagnado em 34 bilhões de litros anuais. Um fator que também contribuiu para descapitalizar o produtor foi o grande volume de importações ocorridas no ano passado, principalmente no período da entressafra, quando o preço do leite ao produtor fica mais atrativo. “A queda da produção na entressafra foi suprida pelas importações, aumentando a oferta de leite no mercado”, diz Bellini. O analista informa que até setembro do ano passado o volume de leite produzido pelo Brasil cresceu 1,4% em relação ao mesmo período de 2022 e a oferta de leite per capita subiu 5,3% por conta das importações, que superaram dois bilhões de litros de leite equivalente ao longo do ano. “Mesmo com a desvalorização do leite nacional, as importações se mantiveram motivadas pela grande competitividade externa”, diz Carvalho. Na muçarela, por exemplo, a diferença de preços praticados no Brasil e nos países exportadores chegou 45,8% e no leite em pó integral, 31,5%. Argentina e Uruguai, os principais países exportadores de leite para o Brasil possui preços historicamente mais competitivos devido a uma eficiência média no setor superior à realidade brasileira. Enquanto o preço médio do litro de leite no Brasil está a 39 centavos de dólar, o leite argentino custa 35 centavos de dólar e o uruguaio, 36. No fim do ano passado, o Governo Federal anunciou duas medidas para incentivar a atividade (leia quadro abaixo). O CILeite aponta que a pressão das importações fez com que os principais derivados lácteos no mercado atacadista nacional registrassem desvalorização de preços ao longo do ano. No leite UHT, as cotações caíram 18,6% de maio a novembro chegando a R3,76/litro. Na muçarela a queda foi de 15,6%, chegando a R$26,88, no mesmo período. “Não é só no campo; nas indústrias, as margens também foram ruins, com diversos laticínios contabilizando prejuízo no ano que se inicia”, afirma Carvalho. Perguntado aos pesquisadores e analistas do CILeite o que produtores e laticínios devem fazer para enfrentar um ano que se anuncia difícil, eles sugeriram criatividade e diversificação. A produção de leite artesanal, por exemplo, está em ascensão e pode ser uma saída para muitos produtores. O Analista Lorildo Stock, por sua vez, disse que o produtor precisa se especializar. “A atividade leiteira é complexa e permite fragmentar a produção em setores como volumosos, recria de animais e leite. Pode ser que o pecuarista tenha maior vocação em alguma dessas áreas e ao se especializar, otimiza a produção”. Quanto à indústria, a pesquisadora Kennya Siqueira diz que os laticínios devem diversificar seus produtos de acordo com a tendência do consumo, que aponta para alimentos saudáveis, funcionais e sustentáveis. Governo Federal adota medidas para diminuir importação e capitalizar produtor Em fevereiro, entrou em vigor o decreto 11.732/2023, de 18 de outubro de 2023. O decreto visa estimular a venda de leite in natura, alterando a aplicação dos créditos presumidos de PIS/Pasep e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) no âmbito do Programa Mais Leite Saudável. Pelo decreto, laticínios ou cooperativas que comprarem leite no Brasil poderão ser beneficiadas com até 50% de créditos presumidos. Para isso, é preciso estarem cadastradas no Programa Mais Leite Saudável. Aqueles que não forem cadastrados podem ter direito a 20% do benefício fiscal. Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, dar crédito presumido para os laticínios comprarem leite in natura os fará comprar do produtor brasileiro, reduzindo a importação. O Governo Federal também adotou medidas para investigar a triangulação do leite que entra no Brasil bem como a reidratação do leite em pó. A expectativa é de que essas mudanças aqueçam a produção de leite, desenvolvendo a cadeia produtiva nacional, gerando mais renda para o produtor. Carvalho argumenta que a medida deve ter um efeito limitado, já que grande parte das importações não são realizadas por laticínios, mas por traders, indústria de chocolates e varejistas. Por outro lado, uma contínua recuperação dos preços internacionais poderia contribuir para menor importação e recuperação dos preços ao produtor. Mas o pesquisador destaca que o fraco consumo é um limite para as pressões altistas, sendo necessários investimentos em inovação e comunicação que estimulem a demanda. Capital de giro Outra medida, publicada no dia 21 de dezembro, visa financiar o capital de giro dos produtores. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma linha de crédito especial com subvenção federal específica para cooperativas de produtores de leite, com repasse de mais de R$ 700 milhões. Segundo informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o objetivo é possibilitar às cooperativas de produção de lácteos a obtenção de crédito que contribua para que produtores regularizem sua situação e outros compromissos em relação aos insumos adquiridos na cooperativa. Conforme o Mapa divulgou, as condições especiais definidas são para o financiamento de capital de giro, no âmbito do Crédito de Investimento para Agregação de Renda (Pronaf Agroindústria) e do Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro). O valor, proveniente de recursos do Plano Safra 2023/2024 não aplicados e devolvidos por instituições financeiras, será repassado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil. Os financiamentos terão juros de 8% ao ano e uma taxa especial (4% ao ano) para a agricultura familiar. Os beneficiários ainda poderão contar com 24 meses de carência e 60 meses para o pagamento. Segundo Carvalho, a medida auxilia no capital de giro e atenua problemas financeiros vivenciados nos últimos meses, mas não devem ter efeito estrutural sobre a eficiência e competitividade do setor, que é um tema mais complexo. Foto: Rubens Neiva Brasil possui ilhas de excelência em produção de leite Apesar de ser importador de lácteos e, na média, apresentar uma produtividade abaixo de alguns países onde a atividade é mais desenvolvida, o Brasil possui ilhas de excelência. Isso pode ser constatado na Figura 1, que compara a produção de leite de algumas microrregiões (em azul) com a média de alguns países. A produtividade média no mundo está em 2.660 litros de leite por vaca, enquanto a média brasileira é de 2.280 litros/vaca. No entanto, a região de Ponta Grossa, no Paraná possui produtividade média de 8,541 litros/vaca, rivalizando com a Alemanha (uma das maiores produtividades do mundo). Analisando o mapa, observa-se que microrregiões das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste estão bem acima da média mundial (4.560 litros/vaca), sendo comparadas à Nova Zelândia, o maior exportador de lácteos do mundo. Na visão de Bellini, esses dados mostram que o país tem tecnologia e vocação para produzir leite e que o setor irá emergir da crise do ano que se passou.
Com duas guerras em andamento no mundo (Rússia X Ucrânia e Israel X Palestina), desempenho fraco das grandes economias globais e juros elevados, os pesquisadores e analistas do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite) não esboçam muito otimismo para a cadeia láctea em 2024. O analista José Luiz Bellini acredita que este será um ano desafiador para produtores e laticínios. “Depois de um ano difícil, 2024 ainda não será o ano da recuperação e continuaremos observando a exclusão de produtores menos eficientes e de pequenos laticínios, como tem ocorrido nos últimos anos”, lamenta Bellini.
Somado à complexa conjuntura global, o recuo das importações chinesas tem mantido os preços internacionais estáveis, mas abaixo da média histórica. Embora demonstrasse uma ligeira alta de 1,6% em relação ao evento anterior, no leilão de 05/12 da Global Dairy Trade (GDT) a média de preços das negociações foi de US$ 3.323/tonelada (valor que já esteve acima de US$ 5.000/tonelada, em março de 2022). “Esses são dados que corroboram para a produção de leite acanhada dos maiores exportadores de lácteos”, afirma o analista.
Mas se o cenário internacional é motivo de preocupação, o ambiente interno traz notícias positivas. O crescimento do PIB em 2023 desafiou as previsões iniciais de 0,5% e superou a marca dos 3%. A inflação está controlada e o desemprego, em queda. “No entanto, esse bom desempenho da economia ainda não repercutiu na cadeia produtiva e o consumo de lácteos continua baixo”, argumenta o pesquisador Glauco Carvalho. A edição de dezembro da Nota de Conjuntura Econômica do CILeite aponta que a fraca demanda interna também é um dos fatores que comprometem a rentabilidade dos produtores.
“Em vários estados, pequenos produtores estão recebendo menos de R$1,80 pelo litro de leite, o que é insuficiente para remunerar a produção”, avalia Carvalho. Desde julho do ano passado, a relação de troca do produtor (Índice de Preços Recebidos IPR/Índice de Preços Pagos – IPP) é menor que a média dos últimos sete anos. A consequência da baixa rentabilidade dos produtores é o desestimulo à produção. Já há alguns anos, o volume de leite produzido no Brasil está estagnado em 34 bilhões de litros anuais.
Um fator que também contribuiu para descapitalizar o produtor foi o grande volume de importações ocorridas no ano passado, principalmente no período da entressafra, quando o preço do leite ao produtor fica mais atrativo. “A queda da produção na entressafra foi suprida pelas importações, aumentando a oferta de leite no mercado”, diz Bellini. O analista informa que até setembro do ano passado o volume de leite produzido pelo Brasil cresceu 1,4% em relação ao mesmo período de 2022 e a oferta de leite per capita subiu 5,3% por conta das importações, que superaram dois bilhões de litros de leite equivalente ao longo do ano.
“Mesmo com a desvalorização do leite nacional, as importações se mantiveram motivadas pela grande competitividade externa”, diz Carvalho. Na muçarela, por exemplo, a diferença de preços praticados no Brasil e nos países exportadores chegou 45,8% e no leite em pó integral, 31,5%. Argentina e Uruguai, os principais países exportadores de leite para o Brasil possui preços historicamente mais competitivos devido a uma eficiência média no setor superior à realidade brasileira. Enquanto o preço médio do litro de leite no Brasil está a 39 centavos de dólar, o leite argentino custa 35 centavos de dólar e o uruguaio, 36. No fim do ano passado, o Governo Federal anunciou duas medidas para incentivar a atividade (leia quadro abaixo).
O CILeite aponta que a pressão das importações fez com que os principais derivados lácteos no mercado atacadista nacional registrassem desvalorização de preços ao longo do ano. No leite UHT, as cotações caíram 18,6% de maio a novembro chegando a R3,76/litro. Na muçarela a queda foi de 15,6%, chegando a R$26,88, no mesmo período. “Não é só no campo; nas indústrias, as margens também foram ruins, com diversos laticínios contabilizando prejuízo no ano que se inicia”, afirma Carvalho.
Perguntado aos pesquisadores e analistas do CILeite o que produtores e laticínios devem fazer para enfrentar um ano que se anuncia difícil, eles sugeriram criatividade e diversificação. A produção de leite artesanal, por exemplo, está em ascensão e pode ser uma saída para muitos produtores. O Analista Lorildo Stock, por sua vez, disse que o produtor precisa se especializar. “A atividade leiteira é complexa e permite fragmentar a produção em setores como volumosos, recria de animais e leite. Pode ser que o pecuarista tenha maior vocação em alguma dessas áreas e ao se especializar, otimiza a produção”. Quanto à indústria, a pesquisadora Kennya Siqueira diz que os laticínios devem diversificar seus produtos de acordo com a tendência do consumo, que aponta para alimentos saudáveis, funcionais e sustentáveis.
Governo Federal adota medidas para diminuir importação e capitalizar produtorEm fevereiro, entrou em vigor o decreto 11.732/2023, de 18 de outubro de 2023. O decreto visa estimular a venda de leite in natura, alterando a aplicação dos créditos presumidos de PIS/Pasep e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) no âmbito do Programa Mais Leite Saudável. Pelo decreto, laticínios ou cooperativas que comprarem leite no Brasil poderão ser beneficiadas com até 50% de créditos presumidos. Para isso, é preciso estarem cadastradas no Programa Mais Leite Saudável. Aqueles que não forem cadastrados podem ter direito a 20% do benefício fiscal. Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, dar crédito presumido para os laticínios comprarem leite in natura os fará comprar do produtor brasileiro, reduzindo a importação. O Governo Federal também adotou medidas para investigar a triangulação do leite que entra no Brasil bem como a reidratação do leite em pó. A expectativa é de que essas mudanças aqueçam a produção de leite, desenvolvendo a cadeia produtiva nacional, gerando mais renda para o produtor. Carvalho argumenta que a medida deve ter um efeito limitado, já que grande parte das importações não são realizadas por laticínios, mas por traders, indústria de chocolates e varejistas. Por outro lado, uma contínua recuperação dos preços internacionais poderia contribuir para menor importação e recuperação dos preços ao produtor. Mas o pesquisador destaca que o fraco consumo é um limite para as pressões altistas, sendo necessários investimentos em inovação e comunicação que estimulem a demanda. Capital de giroOutra medida, publicada no dia 21 de dezembro, visa financiar o capital de giro dos produtores. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma linha de crédito especial com subvenção federal específica para cooperativas de produtores de leite, com repasse de mais de R$ 700 milhões. Segundo informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o objetivo é possibilitar às cooperativas de produção de lácteos a obtenção de crédito que contribua para que produtores regularizem sua situação e outros compromissos em relação aos insumos adquiridos na cooperativa. Conforme o Mapa divulgou, as condições especiais definidas são para o financiamento de capital de giro, no âmbito do Crédito de Investimento para Agregação de Renda (Pronaf Agroindústria) e do Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro). O valor, proveniente de recursos do Plano Safra 2023/2024 não aplicados e devolvidos por instituições financeiras, será repassado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil. Os financiamentos terão juros de 8% ao ano e uma taxa especial (4% ao ano) para a agricultura familiar. Os beneficiários ainda poderão contar com 24 meses de carência e 60 meses para o pagamento. Segundo Carvalho, a medida auxilia no capital de giro e atenua problemas financeiros vivenciados nos últimos meses, mas não devem ter efeito estrutural sobre a eficiência e competitividade do setor, que é um tema mais complexo. Foto: Rubens Neiva |
Brasil possui ilhas de excelência em produção de leiteApesar de ser importador de lácteos e, na média, apresentar uma produtividade abaixo de alguns países onde a atividade é mais desenvolvida, o Brasil possui ilhas de excelência. Isso pode ser constatado na Figura 1, que compara a produção de leite de algumas microrregiões (em azul) com a média de alguns países. A produtividade média no mundo está em 2.660 litros de leite por vaca, enquanto a média brasileira é de 2.280 litros/vaca. No entanto, a região de Ponta Grossa, no Paraná possui produtividade média de 8,541 litros/vaca, rivalizando com a Alemanha (uma das maiores produtividades do mundo). Analisando o mapa, observa-se que microrregiões das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste estão bem acima da média mundial (4.560 litros/vaca), sendo comparadas à Nova Zelândia, o maior exportador de lácteos do mundo. Na visão de Bellini, esses dados mostram que o país tem tecnologia e vocação para produzir leite e que o setor irá emergir da crise do ano que se passou. |
Rubens Neiva (MTb 5.445/MG)
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