Biofármaco apresenta potencial para controle de salmonelas aviárias

O produto biológico foi produzido a partir de três bacteriófagos nativos do Brasil. Bacteriófagos são vírus capazes de infectar bactérias. É um ativo que atende às exigências sanitárias da avicultura de corte para garantir a inocuidade da carne de aves. O fato de serem bacteriófagos nativos evita a introdução de cepas exóticas na biodiversidade brasileira e potencializa a ação do bioproduto frente a estirpes locais. O objetivo atual dos cientistas é finalizar o produto para inserção no mercado. A Embrapa Suínos e Aves (SC) vem avançando no desenvolvimento de um protótipo de biofármaco à base de bacteriófagos para controlar salmonelas avícolas, que causam contaminação da carne de frango e salmonelose em humanos. Bacteriófagos são vírus amplamente distribuídos na natureza e que atuam especificamente sobre bactérias. Essa ação bactericida representa uma alternativa ao uso de antibióticos. Pesquisadores isolaram e estudaram três desses vírus, que compõem a coleção de microrganismos da Unidade, e reúnem as características desejadas para controle de determinados sorotipos de salmonela. A pesquisa atende a uma das prioridades da produção animal atualmente – a manutenção de rebanhos e planteis livres de patógenos que causam doenças transmitidas por alimentos, e assim garantir a inocuidade dos produtos. A resistência a antimicrobianos é um dos temas mais relevantes nesse contexto, e tem direcionado políticas públicas pela interface com o conceito de saúde única, pela inter-relação com saúde humana, animal e meio ambiente. A disseminação de microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos disponíveis e a falta de desenvolvimento de novas classes de antimicrobianos têm sido o alerta de especialistas para a dificuldade futura de enfrentamento de bactérias, mesmo em infecções simples. Foto: Lucas Scherer Em alinhamento às ações nacionais e internacionais, os cientistas da Embrapa Suínos e Aves vêm atuando em pesquisas e estudos para o enfrentamento da resistência aos antimicrobianos e auxílio à execução de políticas públicas. Além de participar de grupos como o da Força-Tarefa do Codex Alimentarius para Resistência Antimicrobiana (FTAMR) que se encerrou em 2021, a Unidade contribui também com o Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Agropecuária (PAN-BR Agro) com diversas pesquisas, tais como o desenvolvimento de insumos biológicos para o controle de bactérias relevantes na avicultura. De acordo com a pesquisadora Clarissa Vaz, líder do projeto que resultou no desenvolvimento do protótipo de biofármaco à base de bacteriófagos, a disponibilidade de um ativo biológico, que evita ou reduz o uso de antimicrobianos e seja aplicável ao controle de salmonela na avicultura, é desejável frente à importância social e econômica da produção avícola para o País e à necessidade de uso prudente dos antimicrobianos para preservar a eficácia dos que estão disponíveis. “Esse insumo não pretende substituir o uso terapêutico de antibióticos, mas é uma opção para reforçar o controle de salmoneloses reduzindo o uso desnecessário de antimicrobianos”, explica. Ainda segundo Vaz, insumos biológicos à base de bacteriófagos não representam necessariamente uma inovação na indústria de saúde e alimentação animal, uma vez que sua ação bactericida é conhecida há muito tempo. “O diferencial é que, se desenvolvidos produtos escalonáveis, de custo acessível, e contendo bacteriófagos adequados, a fagoterapia (uso de bacteriófagos contra infecções bacterianas) é uma possibilidade de diversificar as estratégias de controle de salmonelas aviárias”, pontua. Outra vantagem apresentada pela pesquisadora é a de que bacteriófagos nativos são interessantes para o desenvolvimento de produtos voltados ao mercado nacional por não introduzirem cepas exóticas na biodiversidade brasileira e apresentarem maior probabilidade de ação frente às estirpes de campo locais. Desafio é chegar a um produto com potencial de mercado Os estudos levaram ao desenvolvimento do protótipo de um biofármaco que é fornecido aos frangos pela água de beber, capaz de reduzir o nível de salmonela no intestino de frangos de corte. “O desafio atual é avançar nas etapas de desenvolvimento até a fase de produção continuada, em condições de inserção no mercado. Esse é um processo que segue a lógica de inovação aberta e repartição de benefícios, por meio da qual a Embrapa e empresas interessadas desenvolvem a pesquisa juntas com o objetivo de desenvolver os seus produtos e aumentar o valor agregado”, observa a pesquisadora. Os três bacteriófagos procedentes da coleção de microrganismos da Unidade são os principais componentes desse biofármaco, que melhora a estabilidade desses vírus na ave, após a ingestão pela água de beber, e é estável durante o período de armazenamento. O produto biológico foi estudado para controle de S. Heidelberg em frangos de corte, com nicho de aplicação contra S. Enteritidis e S. Typhimurium em matrizes, que são algumas das salmoneloses mais impactantes nessas categorias avícolas.

 

 

A Embrapa Suínos e Aves (SC) vem avançando no desenvolvimento de um protótipo de biofármaco à base de bacteriófagos para controlar salmonelas avícolas, que causam contaminação da carne de frango e salmonelose em humanos. Bacteriófagos são vírus amplamente distribuídos na natureza e que atuam especificamente sobre bactérias. Essa ação bactericida representa uma alternativa ao uso de antibióticos. Pesquisadores isolaram e estudaram três desses vírus, que compõem a coleção de microrganismos da Unidade, e reúnem as características desejadas para controle de determinados sorotipos de salmonela.

A pesquisa atende a uma das prioridades da produção animal atualmente – a manutenção de rebanhos e planteis livres de patógenos que causam doenças transmitidas por alimentos, e assim garantir a inocuidade dos produtos. A resistência a antimicrobianos é um dos temas mais relevantes nesse contexto, e tem direcionado políticas públicas pela interface com o conceito de saúde única, pela inter-relação com saúde humana, animal e meio ambiente.  A disseminação de microrganismos multirresistentes aos antimicrobianos disponíveis e a falta de desenvolvimento de novas classes de antimicrobianos têm sido o alerta de especialistas para a dificuldade futura de enfrentamento de bactérias, mesmo em infecções simples.

Foto: Lucas Scherer

Em alinhamento às ações nacionais e internacionais, os cientistas da Embrapa Suínos e Aves vêm atuando em pesquisas e estudos para o enfrentamento da resistência aos antimicrobianos e auxílio à execução de políticas públicas. Além de participar de grupos como o da Força-Tarefa do Codex Alimentarius para Resistência Antimicrobiana (FTAMR) que se encerrou em 2021, a Unidade contribui também com o Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Agropecuária (PAN-BR Agro) com diversas pesquisas, tais como o desenvolvimento de insumos biológicos para o controle de bactérias relevantes na avicultura.

De acordo com a pesquisadora Clarissa Vaz, líder do projeto que resultou no desenvolvimento do protótipo de biofármaco à base de bacteriófagos, a disponibilidade de um ativo biológico, que evita ou reduz o uso de antimicrobianos e seja aplicável ao controle de salmonela na avicultura, é desejável frente à importância social e econômica da produção avícola para o País e à necessidade de uso prudente dos antimicrobianos para preservar a eficácia dos que estão disponíveis. “Esse insumo não pretende substituir o uso terapêutico de antibióticos, mas é uma opção para reforçar o controle de salmoneloses reduzindo o uso desnecessário de antimicrobianos”, explica. 

Ainda segundo Vaz, insumos biológicos à base de bacteriófagos não representam necessariamente uma inovação na indústria de saúde e alimentação animal, uma vez que sua ação bactericida é conhecida há muito tempo. “O diferencial é que, se desenvolvidos produtos escalonáveis, de custo acessível, e contendo bacteriófagos adequados, a fagoterapia (uso de bacteriófagos contra infecções bacterianas) é uma possibilidade de diversificar as estratégias de controle de salmonelas aviárias”, pontua. Outra vantagem apresentada pela pesquisadora é a de que bacteriófagos nativos são interessantes para o desenvolvimento de produtos voltados ao mercado nacional por não introduzirem cepas exóticas na biodiversidade brasileira e apresentarem maior probabilidade de ação frente às estirpes de campo locais.

Desafio é chegar a um produto com potencial de mercado

Os estudos levaram ao desenvolvimento do protótipo de um biofármaco que é fornecido aos frangos pela água de beber, capaz de reduzir o nível de salmonela no intestino de frangos de corte. “O desafio atual é avançar nas etapas de desenvolvimento até a fase de produção continuada, em condições de inserção no mercado. Esse é um processo que segue a lógica de inovação aberta e repartição de benefícios, por meio da qual a Embrapa e empresas interessadas desenvolvem a pesquisa juntas com o objetivo de desenvolver os seus produtos e aumentar o valor agregado”, observa a pesquisadora.

Os três bacteriófagos procedentes da coleção de microrganismos da Unidade são os principais componentes desse biofármaco, que melhora a estabilidade desses vírus na ave, após a ingestão pela água de beber, e é estável durante o período de armazenamento.

O produto biológico foi estudado para controle de S. Heidelberg em frangos de corte, com nicho de aplicação contra S. Enteritidis e S. Typhimurium em matrizes, que são algumas das salmoneloses mais impactantes nessas categorias avícolas.

Fonte: Norte Agropecuário