A vida de celebridade da vaca mais cara do mundo

Rotina inclui banhos diários com xampu hipoalergênico adaptado para o seu pelo Ricardo Benichio

 

Quando teve uma cota de 33% arrematada em um leilão, Viatina (pronuncia-se Viátina) 19 FIV Mara Móveis entrou, definitivamente, para a história da pecuária de elite. Tornou-se a vaca da raça Nelore mais valorizada do mundo: R$ 21 milhões. E, para um animal tão incomum, o tratamento é mais do que especial. Na fazenda onde vive, em Uberaba (MG), ela tem vida de celebridade.

 

A Globo Rural passou um dia na fazenda Napemo, onde ela deve ficar até o fim do ano. A propriedade é de Ney Pereira, primeiro a investir alguns milhões para se tornar um dos três sócios. O contrato prevê um ano sob os cuidados do último dono e depois rodízio entre os criatórios.

 

Quem a abriga banca as despesas de manutenção, como alimentação, veterinário e segurança, mas os gastos com reprodução são rateados. Na propriedade, Viatina é vigiada por câmeras e tem segurança armada 24 horas. Os banhos são diários, com xampu hipoalergênico adaptado para o seu pelo. Nos dias mais frios, a água é aquecida. Logo, ela terá um novo lavatório, com piso de borracha.

 

Pesa atualmente 1 tonelada, 100 kg a menos do que no ano passado. As despesas regulares com todo esse cuidado variam de R$ 5 mil a R$ 6 mil.

 

“Ela é muito dócil, sabe que é uma celebridade e até posa para as fotos”, diz Lorrany Martins Pereira de Moraes, veterinária que administra a Napemo com o pai, acrescentando que a estrela bovina gosta de se deitar com o corpo inteiro na porta da baia, esticando a cabeça para fora a fim de tomar sol na cara.

 

“Ela tem a alma evoluída, reconhece as pessoas e até o caráter”, fala Cleiton Borges, veterinário de grandes animais há 20 anos que, desde o ano passado, cuida de todas as demandas de Viatina, em qualquer horário.

 

Neste ano, a perna da vaca inchou e o veterinário foi chamado às pressas de madrugada. Diagnosticou que ela tinha sido picada por um escorpião e fez o tratamento. Na sequência, foram instaladas telas de arame fino, borracha e madeira na baia da recordista para impedir a entrada de insetos, sapos, cobras e outros animais. A cada 40 dias, Borges coleta o sangue da vaca para exames regulares. “Ela tem uma produção de óvulos bem acima da média. Viatina sozinha é uma empresa. Por isso, a gente busca antecipar todos os tratamentos possíveis.”

 

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Veterinário Cleiton Borges cuida de todas as demandas de Viatina, em qualquer horário — Foto: Ricardo Benichio

 

O tratador favorito

 

Além de todos os cuidados, Viatina ganhou um presente no mês passado: a Napemo contratou o tratador Josinei Aparecido de Oliveira, o “Índio”, que a acompanha desde os oito meses e vai mudando de emprego quando ela muda de dono.

 

Entre outros cuidados, ele dá banho, limpa a baia diariamente, alimenta e faz carinho nas orelhas e no lombo da vaca.

 

“Ela é bem mimada, mas é carinhosa. Não gosta muito de comer o volumoso, que fica à disposição o dia todo, mas me cerca rapidinho quando eu chego na baia com a ração gostosa com proteína que eu sirvo duas vezes por dia.”

 

Durante o dia, a porta que leva ao piquete de 15 metros por 50 metros fica aberta para os passeios de Viatina. À noite, ela descansa de duas a três horas, levanta para comer e beber água, volta a dormir e repete o ciclo até a hora do banho ou até ser acordada para posar para fotos ou vídeos.

 

A atenção que Viatina atrai quando aparece é proporcional à preocupação com sua segurança. Neste ano, a estrela não foi levada à Expozebu, feira que é considerada a Copa do Mundo do Zebu. Lorrany justifica o cuidado: “Ela chama muito a atenção e fica agitada. Todos querem tirar foto com ela ou colocar crianças no seu lombo”.

Fonte: Tocantins Rural