BICO DO PAPAGAIO: DESAFIOS PARA O POTENCIAL AGRÍCOLA REGIONAL

O agronegócio brasileiro atualmente é um dos mais relevantes e promissores setores de impacto econômico não só no Brasil, mas no mundo. O agronegócio representou em 24,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022, se consolidando como um setor significativo e importante para a economia do país.

No Tocantins, o resultado não é tão diferente do nacional, se consolidando como um dos estados que mais cresceram no agronegócio brasileiro em 2022, ficando atrás apenas do estado Mato Grosso do Sul, segundo reportagem publicada pelo Jornal Folha de São Paulo.
No entanto, esse desenvolvimento ainda é pequeno em algumas regiões do estado, como no Bico do Papagaio, no extremo norte, que apesar de se desenvolver lentamente, ainda possui um bom nicho de mercado da agropecuária, se destacando como o carro chefe da economia na região.

Se destacando a agropecuária de bovino de leite e a de corte, baseada principalmente na
agropecuária extensiva, com pouca tecnificação e com baixa qualidade leiteira atreladas a
dificuldade em aquisição de insumos, baixa mão de obra tecnificada e em relação ao leite pela baixa valorização do produto no mercado local.

O leite dominou (e ainda domina) o mercado agropecuário do Bico do Papagaio, no entanto, essa desvalorização do produto é um sinal de que o único caminho para o produtor rural, é diversificar sua propriedade visando produzir e trabalhar com diferentes ramos produtivos.

Segundo Fontoura et. al. (2022) em artigo publicado pela revista Brasileira de Desenvolvimento e Planejamento, a diversificação da produção da propriedade agrícola pode ser uma alternativa para os agricultores aumentarem seus rendimentos e, por consequência, melhorarem a qualidade de vida no campo, tornando a atividade rural algo que possa garantir a subsistência de sua família dentro da sua propriedade rural, sem precisar exercer outras atividades fora da propriedade como complemento de renda.

A região do Bico do papagaio possui um potencial enorme para a criação de aves, de suínos e para a fruticultura e olericultura, principalmente na produção de banana, abacaxi, melancia dentre outras. Além da fruticultura, a mandiocultura também tem potencial de crescimento e desenvolvimento, tanto para a industrialização para produção de farinha e outros derivados, quanto para o processamento artesanal nos assentamentos e povoados.

Porém, emerge um outro problema muito comum, a mão de obra e a dificuldade financeira.
Diversos produtores em sua maioria possuem pouca ajuda no campo, por falta de recursos para contratar um funcionário ou até mesmo filhos e parentes que largam a vida no campo migrando para as cidades e quanto maior a diversidade produtiva, maior a força de trabalho.

Uma solução para essa questão seria, na maioria dos casos, focar em uma atividade que renderia mais e trabalhar com tecnificação e mão de obra técnica, que já existe em diversas cadeias na Região. Órgãos como Ruraltins, Sebrae e principalmente Senar, disponibilizam técnicos e apoio para o produtor investir em manejo correto, em sanidade e principalmente em gerenciamento rural.

Focar em uma atividade seguindo a cartilha técnica, usando métodos adequados de produção, fazendo um plano de negócio, buscando compradores e clientes e o primordial: ter força de vontade de trabalho. Essa é a maneira mais prática para aqueles que não conseguem diversificar e querem trabalhar com apenas um tipo de setor produtivo, seja agricultura, seja agropecuária ou seja fruticultura.

Créditos e financiamentos para agricultura estão mais fáceis de serem obtidos, como o plano Safra da Agricultura Familiar, em 2023 foram destinados R$ 71,6 bilhões ao crédito rural para o PRONAF, 34% a mais do que 2022, sendo esta forma de facilitar a introdução dessas novas tecnologias no campo e consequentemente mudar a qualidade de vida dos agricultores de nossa região, que ainda precisa avançar bastante para se desenvolver nesse setor que é um dos mais ricos e promissores do país.

Escrito por:

José Felipe Tavares
Engenheiro Agrônomo
Técnico em Agronegócio
Especialista em Horticultura Tropical
Consultor Técnico e Gerencial – SENAR/MT


José Felipe Tavares Engenheiro Agrônomo Técnico em Agronegócio Especialista em Horticultura Tropical Consultor Técnico e Gerencial – SENAR/MT