Um grupo de pesquisadores percorre aproximadamente 3 mil quilômetros na bacia do Rio Araguaia, que é uma das mais importantes do cerrado brasileiro. Essa é a maior expedição do tipo realizada nessa região.
Os pesquisadores querem mapear a biodiversidade e verificar os efeitos da ação humana na natureza.
A força-tarefa conta com professores e jovens cientistas de universidades públicas de Goiás e do Distrito Federal. O trabalho é minucioso e chega a 12 horas por dia. A Ariane Andrade é uma das pesquisadoras que participam da expedição ‘Araguaia vivo’.
Com equipamentos especiais ela mede a profundidade e o nível de transparência do rio Araguaia e 150 lagos da região. O objetivo é estudar os microrganismos que mantém a bacia hidrográfica viva.
“Eles são muito importantes, são bioindicadores. Qualquer mudança no ambiente, esses microrganismos são os primeiros a responder. Todas essas variáveis que nós coletamos nos lagos interferem diretamente nesses microrganismos”, contou.
A Ligia Pereira Borges estuda plantas chamadas de macrófitas. Elas ficam na superfície do rio e trazem importantes informações sobre a qualidade da água.
“Se em um ambiente tem um tipo de macrófitas, que a comunidade é muito grande, pode indicar que naquele ambiente tem muita quantidade de sódio, de potássio, pode ser que o ambiente esteja contaminado com alguma coisa”, explicou.
O professor e coordenador João Nabuti explica que o projeto foi pensado para agrupar vários pesquisadores. “Uma vez que apenas um pesquisador, ou mesmo um pequeno grupo, não é capaz de responder questões complexas. E as questões ambientais são essencialmente complexas”, comentou.
No caso do pesquisador Lucas Monteiro, a pesquisa envolve uma das questões mais críticas do Araguaia, que é a contaminação por mercúrio.
Desde 2019, estudos registraram peixes com uma quantidade de metal acima do que é permitido.
As amostras colhidas por ele passam por uma análise inicial no barco e depois são enviadas a um laboratório em Rondônia.
“O mercúrio na água e nos sedimentos é influenciado pelo desmatamento e pelos incêndios. E nos peixes ele se distribui em menores concentrações nos peixes que se alimentam de matéria orgânica, de plantas e vai aumentando progressivamente até chegar nos peixes que se alimentam de outros animais, que são piscívoros e carnívoros. E por fim nos seres humanos que são o topo da cadeia trópica”, contou o pesquisador.
O professor Ludgero Vieira, pesquisador da UNB e chefe da expedição, conta que o projeto surgiu após dados indicarem a redução na disponibilidade de água no Rio Araguaia.
“A ideia então é mostrar para as pessoas a importância do rio Araguaia. A importância econômica e social que o rio tem não só para os grandes agricultores, os grandes pecuaristas, mas também para os ribeirinhos, para as pessoas que moram nas cidades, para o turismo que geralmente gera muita renda para os municípios pequenos ao longo da margem do rio. Ao longo dos quatro estados brasileiros que ele percorre.”
Fonte: G1 TO